Enquanto se discute o futuro do futebol brasileiro e especialmente a sustentabilidade financeira, os clubes brasileiros se dividem em dois grupos. A Libra, Liga do Futebol Brasileiro, reúne por exemplo Grêmio, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Palmeiras, Vasco e São Paulo, entre outros. A Liga Forte do Futebol do Brasil, LFF, tem Inter, Fluminense, Atlético Mineiro, Athlético Paranaense e também alguns times de menor expressão. A principal divergência é a forma de divisão das receitas.
Basicamente, os clubes que estão na Libra concordam com uma diferença maior entre o que mais recebe e o que menos recebe. Já a Liga Forte sustenta uma divisão com menor distância. Não há dúvida que a Libra reúne clubes de maior representatividade, além de ter a simpatia da Rede Globo. A Liga Forte tem mais adeptos, 26 equipes contra 18. Confesso a vocês que, numa primeira análise, avalio como mais interessante o princípio da Liga Forte, de diminuir distâncias nos recebimentos de cotas de televisão.
O ponto que realmente quero discutir aqui é a necessidade de convergência. Para o bem do futebol brasileiro, os clubes precisam estar unidos.
O presidente do Grêmio, Alberto Guerra, assumiu o cargo há quatro meses e, portanto, desembarcou há pouco neste ambiente. O Grêmio está na Libra. Através do presidente Alessandro Barcellos, o Inter é um dos líderes deste movimento da Liga Forte. Tem convicção que este é o melhor caminho. Mas uma centena de integrantes do Conselho Deliberativo do clube quer discutir detalhadamente a proposta da LFF e conhecer melhor os caminhos da Libra para que seja tomada uma posição com maiores chances de êxito. O Inter já errou em situação semelhante, sete anos atrás, quando o então presidente Vitório Píffero decidiu sair do bloco da maioria para assinar contrato com uma emissora incipiente para transmissão dos jogos do time. Foi uma barbeiragem e tanto.
Como os clubes do País sobrevivem com dívidas astronômicas, que variam de R$ 200 milhões a R$ 1 bilhão, a situação agora é bem mais preocupante. Um movimento errado, nesta escolha, compromete o futuro, que nem é tão distante assim. Estamos falando da venda de parte dos direitos televisivos pelos próximos 50 anos. E de quantias que, rapidamente, podem injetar até R$ 200 milhões nos cofres. Portanto, é uma decisão que exige muita responsabilidade, maturidade, inteligência, e olhar lá na frente.
Este momento indica sensatez e não é hora de defender a rivalidade Gre-Nal como algo interessante. A união dos clubes é o caminho para a salvação de todos. Caso contrário, alguns ficarão pelo meio do caminho. E, neste caso, todos também saem perdendo!