De 5 a 11 de outubro passados, vivenciei uma experiência extraordinária ao participar de uma missão em Medellín (Colômbia), promovida pelo POA Inquieta e pelo Pacto Alegre. O propósito dessa Missão era imergir nos centros de inovação e comunidades locais, proporcionando a compreensão de como esta cidade conseguiu que o impacto humano e tecnológico transformasse a vida das pessoas.
Na companhia de diversos colegas representantes de governos, universidades e iniciativa privada, tive a honra de ser acompanhada pela professora Ana Lúcia Maciel, coordenadora do nodo de impacto social do Tecnopuc. Juntas, representamos o Parque Tecnológico e, durante essa experiência, não apenas testemunhamos as transformações que a inovação trouxe a Medellín, mas também pudemos conectar essas experiências às iniciativas inovadoras que promovemos em nossa própria comunidade.
Uma das fontes inspiradoras dessa jornada foi observar como os agentes envolvidos na Quíntupla Hélice – Governo, Universidade, Empresas, Sociedade e Meio Ambiente – estão verdadeiramente inseridos nas realidades das comunidades. Como primeiro exemplo, Ruta N, um Centro de Inovação e Negócios da Prefeitura local que impulsiona transformações e impacto através da Ciência, Tecnologia e Inovação. O nome se refere geograficamente à Rota Norte e está situado de frente para uma das 13 comunas de Medellín. “Isso é para nunca nos esquecermos do porquê estamos aqui”, afirmou um dos representantes que nos recebeu durante a visita.
Lembro-me de como esse senso de que a inovação é um dos ativos mais importantes para transformar a vida das pessoas permeou as falas das pessoas envolvidas nesse movimento. Medellín implementou programas de inclusão social e revitalização urbana, incluindo a construção de bibliotecas, teleféricos e sistemas de transporte público de última geração. Essas iniciativas ajudaram a reduzir a desigualdade e melhorar a mobilidade da cidade. A cidade tem na ponta da língua um discurso unificado: preparar-se para a quarta revolução industrial.
Além do notável impacto tecnológico, a experiência em Medellín revelou uma dimensão crucial no cenário da inovação: a interseção entre as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) e o profundo senso de pertencimento da população. A cultura cidadã, intrinsecamente ligada à transformação da cidade, reflete um compromisso coletivo com o bem-estar social e a sustentabilidade.
Durante a missão, testemunhamos como a cidade abraça a Quíntupla Hélice, incorporando ativamente o meio ambiente e a sociedade em suas iniciativas inovadoras.
Esse movimento, marcado por muitos desafios em uma cidade que, na segunda metade do século 20, foi palco de conflitos armados ligados à guerrilha e ao narcotráfico, se transformou em um polo para startups e empreendedores. A cidade oferece incentivos e apoio para o desenvolvimento de negócios inovadores, resultando na criação de uma vibrante comunidade de tecnologia que atrai talentos e investimentos.
Mas como uma das cidades mais violentas do mundo se torna a mais inovadora? A verdade é que essa transformação é uma junção bem-sucedida de ações que integram vários atores da quíntupla hélice em prol de um único fator: o impacto humano e social. Para mim, que trabalho com inovação, esse exemplo foi muito inspirador para o trabalho que realizamos no Ecossistema de Inovação de Porto Alegre e no Brasil.
No Tecnopuc, através do Farol Hub Social, liderado pela Professora Ana Lúcia, iniciamos um trabalho de promoção da inovação e do impacto social em nossa região. Programas como o Duxtec, em parceria com a Fundação Gerações, desenvolvem competências empreendedoras em jovens de periferias de Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria. A Coalizão pelo Impacto, uma iniciativa que busca fortalecer o ecossistema de negócios de impacto social e ambiental, é outra prova de como a colaboração pode potencializar o impacto positivo em nossa sociedade.
Medellín me mostrou que a inovação é mais do que avanços tecnológicos; é uma força poderosa que pode transformar comunidades e impulsionar o progresso social. O que vivenciei naqueles dias ressoa profundamente com o trabalho que realizamos no Tecnopuc, e essa jornada só reforçou minha convicção no poder transformador da inovação para construir um futuro mais inclusivo e sustentável.
Marina Alano, administradora, trabalha no nodo de Comunidade do Tecnopuc e entusiasta da inovação e negócios de impacto. Apoiadora ativa de causas ambientais e raciais, compartilha conteúdos sobre diversidade, inovação e sustentabilidade. Integra o spin Sustentável do POA Inquieta.
Foto da Capa: Acervo da Autora