A chegada da maturidade, lá pelos 60 anos de idade, tem trazido algumas mudanças bem importantes no perfil de despesas de casais ou pessoas que moram sós pela viuvez ou separação. Lá no entorno dos seus 40 anos de idade, sustentando dois ou três filhos, bancando suas despesas na faculdade e primeiros anos de estágio até que consigam se manter de forma independente. Junto com o que chamamos de “síndrome do ninho vazio”, aquele momento em que o último filho acha seu rumo e consigo traz uma sensação para os pais de – e agora? A mudança da matriz de despesas gera em muitos casos uma sobra de recursos que ajudarão a compor o colchão previdenciário. As reservas que serão somadas à aposentadoria do INSS vão bancar as altas despesas de envelhecer. Sai a universidade dos filhos e entra o plano de saúde em seu valor mais alto. Conseguir guardar uma boa reserva e fazê-la “trabalhar” para você é fundamental já que você vai viver mais do que seus avós e pais.
Entre as várias modalidades de acumulação de patrimônio existem as opções financeiras que vão da poupança, CDB, Títulos do Tesouro, Bolsa de Valores, enfim, várias opções com maior ou menor risco e que atendem desde os investidores arrojados aos conservadores. Na percepção coletiva a respeito da persona investidora 60+, está concretada a frase ‘o investidor maduro é conservador”. Como pesquisador e curioso da temática do consumo 60+ tenho por hábito de confrontar narrativas ou percepções aos fatos e números e, quando se trata de comportamento da geração prateada, os mitos e verdades do passado caem diariamente.
Há cerca de dois anos, a SeniorLab iniciou o acompanhamento regular de três verticais da relação dos 60+ com o consumo e comportamento no Brasil. A vertical de hábitos e preferências de estilo e artistas, a vertical da presença e interação nas redes sociais e a do perfil do investidor maduro na bolsa de valores. Este último acabou com o mito do conservadorismo dos investidores maduros.
Segundo um estudo da nossa consultoria de negócios, hoje a Bolsa de Valores Brasileira, a B3, tem 5,3 milhões de contas de investimento em ações em nome de CPFs. Destes 76% são homens e 24%, mulheres.
Perfil contas em custódia de pessoas físicas
Perfil PF/ faixa etária | Contas ativas de Pessoa Física | |||
Homens | Mulheres | Total | % por faixa etária | |
Até 15 anos | 14.771 | 11.598 | 26.369 | 0,5% |
De 16 a 25 anos | 563.494 | 120.497 | 683.991 | 13% |
De 26 a 35 anos | 1.364.360 | 403.579 | 1.767.939 | 33% |
De 36 a 45 anos | 1.136.913 | 347.061 | 1.483.974 | 28% |
De 46 a 55 anos | 479.426 | 168.598 | 648.024 | 12% |
De 56 a 65 anos | 273.888 | 124.186 | 398.074 | 8% |
Maior de 66 anos | 192.419 | 92.712 | 285.131 | 5% |
Total | 4.025.271 | 1.268.231 | 5.293.502 |
Ao primeiro olhar poderíamos até confirmar a máxima popular do perfil conservador desta turma, porém alguma coisa chama atenção. Apesar de representarem 13% dos CPFs investidores, o volume em reais sob custódia e investido em ações é extraordinário. Começa a cair por terra novamente aquela visão da busca da segurança absoluta nos investimentos. Vejamos na planilha abaixo.
Volume em reais sob custódia considerando o perfil etário do CPF
Perfil PF/ faixa etária | Valor (R$ bilhões) Custodiado | |||
Homens | Mulheres | Total | % em R$ por faixa etária | |
Até 15 anos | 0,4 | 0,29 | 0,69 | 0% |
De 16 a 25 anos | 3,32 | 1,2 | 4,52 | 1% |
De 26 a 35 anos | 29,82 | 8,25 | 38,08 | 8% |
De 36 a 45 anos | 69,96 | 16,51 | 86,47 | 18% |
De 46 a 55 anos | 74,66 | 18,4 | 93,06 | 19% |
De 56 a 65 anos | 78,72 | 28,38 | 107,1 | 22% |
Maior de 66 anos | 125,8 | 36,52 | 162,33 | 33% |
Total | 382,68 | 109,55 | 492,25 |
Dos R$ 492,25 bilhões na bolsa, 56% têm como titular um CPF com 56 anos ou mais. Os observarmos o corte 66+ o porcentual em relação ao total também não é pequeno. Os dados brutos representam o mês de setembro de 2022 na B3. Vale ressaltar que em 2019 o porcentual de investidores 56+ era de 29%. Comparando com os 13% de agora pode levar a crer que eles correram da bolsa, mas não. Na verdade, faixas etárias menores é que entraram. Seus volumes também são bem menores e mais voláteis. São investidores que estão aprendendo sobre este investimento e garanto – observando o movimento da turma de cabelos brancos.