Terminou no domingo o mega badalado South by Southwest ou, simplesmente, SXSW. O festival de música, cinema, tecnologia e inovação apresenta todos os anos as novidades que vão impactar muitos dos mais relevantes setores da economia e, principalmente, da vida de cada um de nós. E esse ano parece que não foi diferente.
Eu não estava lá, mas, mesmo a distância, acompanhei o que painelistas, participantes e colegas compartilharam e dois assuntos me chamaram muito a atenção.
O primeiro deles foi a queda do Metaverso como grande tendência para 2023. Incensado como a grande aposta do ano em 9 de cada 10 relatórios de tendências, o tema foi massacrado em uma conferência incrível da futurista Sophie Hvitved.
Segundo ela, as empresas que investem no setor estão apoiadas em metawashing, ou seja, estão usando a tecnologia, quando na verdade ela sequer existe ainda. Para a pesquisadora de Oslo, o metaverso é muito mais do que a internet que está nas telas, é a internet no mundo real.
Ela, assim como eu e todos os meus três leitores, sabíamos que o Metaverso é uma versão bastante melhorada do Second Life, com a mesma relevância (ou seja, nenhuma) para os usuários. Algo que já tinha comentado aqui na Sler.
Sequer terminamos o primeiro trimestre do ano e a tendência Metaverso já se consolidou com a primeira flopada de 2023. No último dia 17, enquanto ocorria o SXSW em Austin, no Texas, a Meta anunciou oficialmente que vai redirecionar o foco de seus investimentos, “abandonando” o ambiente virtual e concentrando as atenções em suas iniciativas de IA avançada.
É nessa hora que o CMO pensa: “onde fui botar o meu budget?”. E olha que o evento de Austin tinha até uma trilha de conteúdos chamada “XR and Metaverse”. Será que vão renomear para o ano que vem?
Bom, mas se de um lado o fracasso do Metaverso deixa de ser virtual e passa a ser real, de outro, a compreensão das aplicações da Inteligência Artificial é o que mais se destaca. O painel de outra futurista, desta vez Amy Webb, CEO do Future Today Institute, foi o mais concorrido do festival.
Segundo ela, a internet como conhecemos tem seus dias contados e as relações humanas vão mudar dramaticamente, com as pessoas sendo ainda mais influenciadas pela inteligência artificial. “Você nunca mais vai pensar sozinho”, disse Webb, ao alertar que esse é o caos que pode resultar em problemas graves no futuro.
Para quem compreende o impacto das mídias sociais no comportamento humano, pensar numa versão ainda mais potente disso realmente assusta. Sem falar que também reforça outra das minhas previsões, publicada no artigo em que disse ter encontrado uma utilidade para o Metaverso.
PS: Muito coisa no SXSW me chamou a atenção além dos temas acima, mas uma pauta polêmica promete para uma futura coluna. Quero falar sobre as várias críticas sobre a diversidade fake do evento, que muitos consideram uma “festinha de homens brancos e endinheirados”. Esse é um debate valioso.