Espera aí, não foge não, respira e segue mais um pouco aqui comigo! Não, não estou aqui para polemizar ou fazer discursos fervorosos defendendo esse ou aquele sistema: MIGA, só quero que você deixe de sofrer todos os meses quando chegam aqueles boletos, aqueles, sabe, os que sempre vencem. Organização financeira é o passo um para a paz interior e não é esse bicho de sete cabeças que galera fala por aí. Seguem três dicas básicas, que são simples, porém não são nada fáceis.
Primeira dica é a base de tudo: pare de gastar, é preciso fazer sobrar grana. Desative aí aqueles pop-ups de propaganda e anúncios virtuais e, toda vez que passar na frente daquela vitrine, seja virtual ou não, resista ao primeiro impulso. Revise seu comportamento de consumo, não gaste seu precioso dinheiro por impulso, pergunte-se sempre: “Será que realmente preciso disso?” Recentemente, eu estava analisando meus gastos com aplicativos de transporte, fiquei apavorada com o desperdício de grana. Meninas, eu sou tão preguiçosa que gasto nisso apenas porque não quero ir até a garagem pegar meu carro. Analisado, entendido e medido o desperdício, bora colher o resultado: engordei minha conta em 200 dinheiros por semana, e espero gastar algo em calorias com os 200 metros a mais de caminhada na rotina diária. Então, se liguem mulheres, se é para acumular gordura que seja na conta bancária.
Segunda dica, que deveria ser a primeira já que é a que vai favorecer a adoção de hábitos financeiros saudáveis de forma contínua. Parafraseando Tim Maia, essa é a dica “me dê motivos”: mesmo tendo consciência, mesmo reduzindo os estímulos ao consumo, é muito difícil parar de gastar só porque se quer, deixar de ser feliz hoje só faz sentido se for para ser ainda mais feliz daqui a um tempo, né gente? Então, sonhem, sonhem grande, coloquem metas de vida econômica. Aqui a pergunta é: “O que quero ser quando crescer (financeiramente)?” Entenda isso, escreva em algum lugar para ficar namorando esse sonho e foque no oásis futuro de felicidade e abundância. Outro exemplo meu: sou uma mulher lésbica, negra, periférica e recentemente mãe. Nunca saí do país, mas decidi que vou fazer um período sabático com meu pequeno quando ele completar 6 anos. O objetivo é tanto para conhecer nossas raízes quanto para aumentar nossa conexão emocional. Será um roteiro passando pelo Benin, Nigéria e África do Sul. Está aí, achei um bom motivo para postergar meu consumo, dei um google e descobri que uma menina gastou aproximadamente trinta mil reais para uma viagem parecida de 30 dias. Somos em dois, bora fazer um pé de meia aproximado de R$ 60k. Meu filho está com 3 anos, preciso guardar nos próximos 36 meses R$ 1,6K/mês. Está lá escrito no meu mural da felicidade, um rolê que ninguém lá da minha comunidade nem sonha. Ainda fico me exibindo para as pessoas: “Em 2024 vou pra África com meu pretinho!” – porque sou dessas.
E, por último, guarde direito seu dinheiro. Não fique apenas seguindo conselhos, tenha curiosidade, aprenda mais sobre investimentos. Do tradicional ao digital. A rede está aí para isso. Você sabia que já existe toda uma nova economia onde você pode investir sem mediações em qualquer coisa, de obras de artes a direitos de jogadores de futebol? Essa é a economia de criptoativos, ela é mais feminina, mais justa, mais democrática, mais segura e mais transformadora: porque não é pelo dinheiro, é por um futuro mais feminino e colaborativo.
Onilia Araújo é contadora, ativista e empreendedora social. Criada na periferia de Porto Alegre, trabalha com iniciativas que impactam em diversa áreas como afrobusiness, black money, finanças e empreendedorismo geral, com recortes para o universo do empoderamento feminino e negro, diversidade de gênero e raça. Todos temas abordados com o viés do futuro e da inovação. Atualmente é CEO da Odabá – Associação de Afroempreendedorismo.
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