Vamos falar sobre saúde mental? Sei que muita gente ainda tem receio, vergonha ou medo de falar sobre o assunto. Eu já não tenho mais. Hoje, sei que para a maioria das pessoas é mais fácil entender a dor e o sofrimento causados por uma lesão física, uma vez que as dores de uma doença mental como a depressão são abstratas. Mas elas existem.
Durante muitos anos sofri em silêncio e carreguei uma culpa enorme por me sentir triste. Porém, não era tristeza, era depressão. Tristeza e depressão são coisas bem diferentes. Falo com conhecimento de causa e sob um ponto de vista muito pessoal. Aos especialistas, deixo as explicações científicas.
Olhando para trás, tenho consciência de que essa doença já me acompanhava há bastante tempo, mas há cerca de seis anos a situação ficou crítica. Na época, eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Recebia conselhos de todos os tipos: descansa, faz exercício, se alimenta melhor, dorme mais, prioriza as coisas, controla o estresse, relaxa, é só uma fase. O tempo passava e a cada dia eu me via pior. Fui perdendo a vontade de tudo. Meu riso ficou burocrático, o choro frequente. Passava noites inteiras acordada buscando respostas para problemas que nem sabia bem quais eram. Tive episódios de falta de ar, pânico no meio da rua. Meu humor andava a bordo de um carrinho de montanha e a culpa só aumentava. “Como assim, Patrícia? Você tem tudo!”. E tinha. No entanto, tinha também um “desequilíbrio químico” no cérebro.
Demorei a pedir ajuda e quando decidi buscar ajuda profissional, foi um “girar de chave”. Tomei remédio por um tempo, mudei o estilo de vida e reencontrei a alegria de viver. A medicação fez parte da minha rotina por alguns anos. Hoje já não tomo mais nada e aprendi a entender meu corpo, minhas reações e meus sentimentos. Se tiver uma recaída, certamente vou voltar a me tratar.
Ouço mais minha voz interior e menos o que dizem as pessoas. E não estou sozinha. Compreendi que a depressão é um transtorno mental frequente, que não escolhe idade e que está fortemente associado ao suicídio. Dados oficiais das organizações de saúde dão conta de que as mulheres são mais propensas a ter o transtorno. Falar abertamente sobre o assunto pode ajudar outras pessoas.
Setembro Amarelo
Alguns meses do ano estão associados às cores como uma forma de promover a conscientização para algumas doenças.
Setembro foi escolhido como o mês de alerta para os transtornos mentais e o dia 10 de setembro é conhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Todo esse movimento de conscientização começou nos Estados Unidos com a história de Mike Emme. O jovem tinha um Mustang amarelo e, em 1994, com apenas 17 anos, tirou a própria vida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é uma das principais causas de morte em todo o mundo. Quase 800 mil pessoas todos os anos perdem a vida desta forma, o que corresponde a cerca de um suicídio a cada 40 segundos. O número de pessoas que acabam com a própria vida é maior do que o número de mortes decorrentes de HIV, malária ou câncer de mama – ou ainda guerras e homicídios.
O lema da campanha Setembro Amarelo deste ano é “Se precisar, peça ajuda!”
Para saber mais sobre o assunto, acesse AQUI.
SE PRECISAR, PEÇA AJUDA!
Foto da Capa: Freepik / Gerada por IA
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