A economia mundial está cada vez mais alinhada aos princípios do ESG, uma sigla com tantos significados e ações que se explicadas no detalhe precisaria um texto de cem mil caracteres. Então, vou tentar resumir: são as questões que norteiam o mercado sob aspectos ligados ao meio ambiente, ao social e à governança nas corporações. É assim que se traduz do inglês a sigla ESG (environmental, social and governance). Três letras por vezes substituem a palavra sustentabilidade no universo corporativo.
Quando eu era criança, eu escutava na escola e na imprensa: as crianças é que vão salvar o planeta. A palavra ecologia havia entrado pela porta dos fundos nos currículos escolares. Lembro nitidamente a professora escrevendo com giz no quadro verde E_ C_ O_ L_ O_ G_ I_ A. Era o ano de 1973. Depois da longa explicação, ela testou nossa atenção e pediu que alguém explicasse como entendeu. Usei os recursos disponíveis para isso. Uma grande árvore próxima da nossa janela, onde havia um Pardal nos observado e aparentemente bem interessado no assunto. Disse: ecologia é cuidar da árvore, cuidar do Pardal, cuidar da comida que o Pardal come e não jogar lixo no chão porque isso o Pardal não come. Para meu orgulho a professora disse: isso mesmo. É isso e muito mais. As crianças cresceram, vieram outras e outras e assim as gerações foram se formando. Cada uma ao seu tempo e com a realidade comportamental e tecnologias disponíveis. Há alguns anos, fui convencido por pensadores e futuristas de que agora seriam os Millennials a geração que daria partida para o plano de salvar o planeta. Fazia sentido diante de tudo o que já sabíamos a respeito deste grupo.
Em 2021, a SeniorLab, minha empresa, junto com Raízes.etc e Ativem, realizamos uma grande pesquisa no Brasil para identificar como estavam os 60+ diante dos desafios da Pandemia. A pesquisa – Bússola 60+ orientando marcas para a longevidade – investigou vários aspectos que passavam pelas marcas mais lembradas e úteis, hábitos alimentares, questões financeiras e a relação com o sistema financeiro através das tecnologias, enfim, dezenas de pontos de exploração muito ricos. Percebemos que era a oportunidade de medir alguns impactos das atitudes de posicionamentos das marcas em relação ao ESG. Até então tínhamos em mente o que o imaginário tinha construído em nossas mentes: os Millennials é que vão salvar o planeta. Surpresa!!! Além de não estarem sozinhos nesta tarefa, têm a companhia de uma geração que se declara ainda mais engajada. Na etapa de testes do questionário da pesquisa, que foi realizada por entrevistas pessoais e por respostas em formulários on line, percebemos que fazia sentido transformar o grupo controle 30-59 anos em campo observacional para compará-los com o corte 60-80+.
Os números revelaram uma população com 60 anos ou mais totalmente diferente que que se imaginava. Eles se declaram com mais atitude alinhada às políticas ESG do que o grupo entre 30 e 59 anos. Quando questionamos se estavam dispostos a pagar mais por produtos e serviços que estivessem preocupados com o meio ambiente também se destacaram. Nas conversas exploratórias ficou claro que eles têm pleno entendimento que estas necessárias atitudes das marcas podem carregar um custo maior e não declararam grandes objeções tanto que ao considerarmos quem concorda totalmente ou em parte, os 60+ atingem 67% e o grupo 30-59 anos fica com 62%. Sem fazer julgamentos com as atitudes também causadas pela desinformação no passado, o fato é que hoje, o “E” do ESG tem alta percepção de valor para os Novos 60+. As marcas não devem esquecer de dar satisfação a eles nas suas ações de comunicação e responsabilidade social.