O Grêmio anunciou em entrevista coletiva, no sábado, dia 29 de julho, que Suárez terá abreviada sua passagem pelo clube. Não irá cumprir os dois anos de contrato, como foi acordado. Portanto, em vez de permanecer até dezembro de 2024, o uruguaio se despede da Arena ao final desta temporada. Serão mais cinco meses de contrato e, no máximo, mais 25 jogos.
A tentativa do Grêmio, na referida entrevista, foi de mostrar que as duas partes abriram mão de algumas coisas para que se chegasse ao acordo. O vice de futebol, Antônio Brum, fez um esforço de pouco convencimento para destacar o quanto o uruguaio tem jogado no sacrifício. Chegou a ensaiar um abraço desajeitado num constrangido Suárez, a fim de mostrar que está tudo bem entre as partes.
A verdade é que Suárez não abriu mão de nada. E terá sua exitosa passagem pelo Grêmio abreviada pela metade. Ah, alguém dirá aí do outro lado, mas ele queria ir embora agora e só vai em dezembro. Ok, mas o fato é que ele assinou contrato até dezembro de 2024! Que cumpra o que foi assinado. A lógica indica que quando uma das partes quer quebrar o contrato a outra precisa ser indenizada.
Mas o futebol não funciona com esta racionalidade de que o que está assinado precisa ser cumprido. Pelos clubes, sim. Pelos jogadores não. Não é o caso do uruguaio, mas quando um jogador é contratado e não corresponde à expectativa o clube segue obrigado a pagar o salário acertado. E quando um jogador se destaca muito, o clube se vê obrigado a conceder reajuste salarial porque o jogador passa a ser assediado por outras equipes. Mas a situação mais preocupante é esta: quando um jogador quer ir embora não há contrato que o faça mudar de ideia.
E este é o exemplo mais recente aqui na aldeia. Já tivemos outros tantos, como Guiñazu, no Inter. O argentino tinha contrato em vigência, mas por questões familiares, decidiu fazer as malas e acabou liberado. Suárez tem contrato até o final do próximo ano. Quer ir embora para se juntar ao amigo Messi em Miami? A única solução minimamente aceitável para que o vínculo seja interrompido por uma das partes é que o Grêmio seja indenizado. Simples assim.
Mas este fato não diminui o quanto Suárez foi um grande negócio. Tecnicamente, um jogador impressionante. E fora de campo deixará um legado gigante. Também por isso seria ainda melhor ficar por duas temporadas. Mas ele não quer. E o Grêmio aceitou.
Foto: Antônio Brum tenta abraçar Suárez