Não concordo. Mas a estratégia está posta. E vem dando razoavelmente certo. Depois de uma atuação próxima de um desastre, em Santos, Renato ameaçou seu grupo de jogadores: se não vencerem os próximos jogos ficarão sem folga.
Chegou a dizer “eu não vou para o Rio. Mas eles também terão de trabalhar”. E não é que funcionou! O Grêmio venceu os jogos seguintes. Bateu o Cruzeiro por 3 x 0 e ontem impôs 2 x 0 no Cuiabá!
A atitude lembra o jardim de infância. Professores sem tanta pedagogia ameaçam suspender o recreio de crianças que não se comportam em sala de aula. Nem sempre funcionava. Mas com Renato funciona.
É medíocre, convenhamos, que um treinador precise usar uma folga para mobilizar profissionais que ganham salários entre R$ 400 e 800 mil por mês. Como o futebol é pequeno! Como futebol ainda é amador!
O fato: com as duas vitórias, os jogadores do Grêmio ganham praticamente toda semana de folga. Depois do jogo de ontem, só voltam a trabalhar na tarde de sexta-feira, claro, para que possam curtir bem a quinta-feira e assim pegar o avião pela manhã, no dia seguinte. Ou seja, o grupo do Grêmio vai se lambuzar de folga em meio ao Campeonato Brasileiro.
E o que falam os outros profissionais do Grêmio sobre isso? Nada. Porque ninguém iria ter a coragem de desafiar os mandos de Renato. Nem os dirigentes se atrevem a palpitar. Eu como não tenho compromisso que não seja analisar futebol digo: é lamentável mobilizar jogadores com a possibilidade de folga.
E é perigoso parar quatro dias em meio a um campeonato.
O Grêmio comete um equívoco de planejamento. Ah, mas isso terá consequências graves? Até acho que não. Mas o grupo desperdiça uma boa oportunidade de corrigir erros. O time não está jogando tão bem assim a ponto de abrir mão de uma semana de trabalho.
No Grêmio de Renato vencer significa folgar! E perder significa ameaçar suspender a folga. O futebol ainda tem muito que evoluir.
Foto da Capa: Grêmio Oficial