Amo arte. Faço parte da arte. A arte faz parte da minha identidade enquanto sujeito. A arte apazígua e também acelera. Alguns argumentam que mobilizar recursos econômicos para a arte no Brasil é custo, para outros é investimento. Estou filiado aos outros. Mais do que a dimensão cultural, a arte é multidimensional. Ela produz espaços de contemplação e crítica. Ela mobiliza indivíduos e grupos de pessoas a refletirem sobre o status quo. Ela também emprega milhares de pessoas que a respiram.
A Noite dos Museus ocorre em Porto Alegre desde 2016. Esse ano não foi diferente. Teve espaços externos e internos.
No lado de fora dos museus ocorreram diversos shows de artistas de vários gêneros. Dos Poetas Vivos e suas declamações poéticas críticas aos músicos do Tum Toin Foin que mesclam estilo de orquestra clássica com solos de guitarra elétrica e suas divertidas composições sonoras-visuais. A temperatura da noite ajudou em muito o clima de celebração da arte. Show de luzes e vozes. Conversas e sorrisos de todo tipo. Da “cerva a 7 pila” até os churrasquinhos com farinha, tudo se mesclava nos ares de Porto Alegre. Um brinde à diversidade.
Uma das coisas divertidas a se fazer em uma noite dos museus é o caminhar. O ato de transitar a pé entre os museus já é um evento em si. Sentir as pessoas, os aromas, a temperatura da calçada, as luzes dos holofotes dos museus, as ruas pouco iluminadas, garrafas de vinho de mão em mão, passos lentos, outros rápidos. O senso de segurança foi incrível. Uma paz de espírito se produziu no caminhar pelas vias transitadas usualmente só por carros e motos.
No lado de dentro, outros universos. Tão belo quanto o lado externo da Noite dos Museus foi a vida pulsante no interior desses espaços artísticos. Em alguns museus havia filas enormes, em outros, filas diminutas. Uma vez dentro, a arte do encontro estava dada. O encontro com a vida, com os artistas, com as almas das pessoas. Aglutinações de almas, todas a seu modo, suspensas na dimensão da contemplação e alegria genuína de fazer parte e ter o privilégio de ser arte naquele momento. Shows de blues e jazz, grupo de tango, recital, e outras intervenções artísticas. Do crepe até a sopa de ervilhas ao final da noite. Sabores artísticos.
Ao final da noite, uma sensação de uma boa exaustão aparece, se é que posso definir esse momento em que o corpo está satisfeito, quase esgotado, e a alma está plena e irradiante.
Definitivamente é preciso falarmos da arte como alimento básico para o corpo e alma. A arte nunca foi e nunca será custo, mas investimento. Sem arte, o sujeito é só um robô, uma máquina sem alma. Um país sem arte é uma nação desalmada.
Site oficial: noitedosmuseus.com.br/
Foto da Capa: Foto: Alex Rocha/PMPA