Dos previstos, um desistiu e outro se coligou. Mais alguns sequer formalizaram seus nomes. De 12, a lista de candidatos a governador do Rio do Sul diminuiu para 10 e agora acaba em 9. A urna eletrônica no dia 2 de outubro colherá o voto de 8.593.469 pessoas aptas a votar nas eleições de 2022. Destas, 1.100.404 (12,8%) não serão obrigadas a participar, pois compreende o público de 16 e 17 anos ou com mais de 70 anos. Mais uma vez, as mulheres se destacam com 52,65% do eleitorado, ante a 47,35% de homens. Nas próximas eleições, o primeiro turno está marcado para o dia 2 de outubro, enquanto o segundo, caso ocorra, será no dia 30 do mesmo mês.
Com as definições do último domingo, nas convenções do PSDB e do MDB, confirmando as previsões de levar o deputado Gabriel Souza para vice do ex-governador e novamente candidato Eduardo Leite, a cena de outubro está definida. Um nome que voltou à lista de pré-candidatos é o do ex-governador do estado Eduardo Leite. Ele prometera não disputar a reeleição, já que sua intenção era ser candidato à Presidência da República. Inviabilizado na pretensão, promove um reviravolta no jogo e está fardado para a disputa. Os gaúchos nunca reelegeram um governador desde a redemocratização, há quarenta anos ou há dez eleições. Será que a tradição será rompida e, formalmente, Leite não será considerado ex-governador (já que renunciara três meses antes das convenções para fardar-se a presidência)? Parece pouco provável. Porém, o repto estará mantido.
Quem são os candidatos:
Eduardo Leite (PSDB)
Ex-governador do Estado, Eduardo Leite é natural de Pelotas, formado em Direito. Filiou-se ao PSDB em 2001 e concorreu pela primeira vez em 2004, quando foi candidato a vereador por sua cidade natal, mas não obteve sucesso. No pleito de 2008, concorreu novamente a uma vaga de vereador e foi eleito. Leite também foi prefeito de Pelotas, de 2013 a 2017. Em 2018, foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul (RS) e se elegeu ao cargo que ocupou até o início deste ano. Ele renunciou ao governo com a intenção de concorrer à Presidência da República. Eduardo Leite é pré-candidato a governador. Terá o emedebista Gabriel Souza como vice (ambos discursaram lado a lado na convenção de domingo). Até então, Leite mantivera em banho maria a candidatura do ex-deputado Luís Carlos Busato, presidente da União Brasil, fusão do DEM com o PSL, e líder em verbas do fundo partidário e de tempo de rádio e tevê. Um dote incomparável.
Onyx Lorenzoni (PL)
Médico veterinário, Onyx Lorenzoni foi ministro do Trabalho e Previdência do governo Bolsonaro. Lorenzoni será o candidato a governador pelo partido para o qual migrou quando o presidente Bolsonaro seguiu o mesmo caminho. Lorenzoni é gaúcho de Porto Alegre e também foi ministro-chefe da Casa Civil, da Cidadania e da Secretaria da Presidência no governo de Bolsonaro. Concorreu à prefeitura de Porto Alegre em 2004 e 2008. Seu vice e o candidato ao Senado estão em aberto.
Luis Carlos Heinze (PP)
Natural de Candelária, Luis Carlos Heinze foi prefeito de São Borja, deputado federal por três mandatos e é senador pelo Rio Grande do Sul. É formado em Engenharia Agronômica e tem atuação como produtor rural. Além disso, é membro da Igreja Evangélica Luterana e se apresenta como defensor da família. É o único com chapa completa há mais de dois meses. Sua vice será a vereador da capital Tanise Sabino (PTB) e a candidata ao Senado será Comandante Nádia (PP).
Edgar Pretto (PT)
É deputado estadual e está em seu terceiro mandato. Tem forte penetração nos movimentos sociais e é filho de Adão Pretto, deputado e fundador do MST. Terá como vice o ex-deputado e vereador de Porto Alegre Pedro Ruas, que levará seu partido, o PSTU, ao partido do qual migraram importantes lideranças da sigla.
Vieira da Cunha (PDT)
Natural de Cachoeira do Sul (RS), Carlos Eduardo Vieira da Cunha é procurador de Justiça do Rio Grande do Sul. Filiado ao PDT desde 1981, já foi vereador de Porto Alegre e deputado estadual por três mandatos e em 2006 foi eleito deputado federal, reeleito nas eleições de seguintes. Em 2014, foi candidato ao governo do Rio Grande do Sul.
Os candidatos dos partidos menores
Os pequenos, pouco riscando nas pesquisas, são Marco Della Nina (Patriota), um líder comunitário que nunca ocupou cargo político. É apoiador de Bolsonaro e é contra a obrigatoriedade de vacinação contra Covid-19. Rejane de Oliveira (PSTU) é professora aposentada da rede estadual de ensino e foi presidente do CPERS-Sindicato. É afirmativamente comunista, seja no plano político, social e econômico. Ricardo Jobim (Novo) é advogado e empresário no ramo da comunicação. Também é professor universitário e conselheiro da OAB-RS, presidindo a seccional de Santa Maria em 2022. Roberto Argenta (PSC), empresário do setor de calçados, foi homologado pelo PSC depois de peregrinações por alguns partidos até ter o aceite de sua candidatura. Natural de Gramado, presidente da Calçados Beira Rio e ex-presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de 1996 a 1997. Foi deputado federal eleito em 2004 pelo PHS, e prefeito e vereador de Igrejinha. Carlos Messala (PCB) surge com seu candidato a vice, Elmar Canabarro, faltando a indicação do candidato a senador para formar a chapa pura.
Beto Albuquerque, do PSB, depois de ter seu nome veiculado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, como vice do PT, irrita-se e passa a atacar os aliados do partido que o rejeitam. Diz ser vítima de fake news. “É um gesto arrogante de querer falar em nome dos socialistas”, completa Beto. Até Pedro Ruas, finalmente indicado candidato a vice de Edgar Pretto, sinaliza que topa qualquer coligação, menos se incluir os socialistas. Beto resiste em anunciar sua desistência.
MDB, um partido sem cabeça de chapa. E rachado.
É a primeira vez, desde a primeira eleição a governador em 1982, depois da Ditadura Militar e de um jejum eleitoral de mais de 24 anos, que o MDB abre mão da cabeça de chapa. Nas últimas semanas, o partido discutiu a união em torno do que é chamado de centro democrático, ou para alguns a terceira via. Nesta terceira via o MDB da senadora Simone Tebet está recebendo o apoio do PSDB. É considerado natural que uma contrapartida aconteça no Rio Grande do Sul.
Abrir mão da cabeça de chapa é inédito no MDB, é natural que ocorra uma contrapartida no Rio Grande. O deputado Gabriel Souza pode abrir mão da candidatura, concorrer a deputado ou ser vice de Eduardo Leite. O ex-governador, querendo pegar peso no mercado eleitoral, ofereceu a vice ao União Brasil, fusão do DEM com o PSL.
O prefeito Sebastião Melo encarregou-se na manhã de domingo de falar em nome de outros históricos.
– É triste e presumível essa cena ensaiada e sem transparência, que macula o passado e compromissos com o futuro do partido. Política se faz com verdade e coerência e não foi o que aconteceu, afirmou o Prefeito Sebastião Melo. Ele e outros históricos, como o ex-governador José Ivo Sartori, o ex-governador e ex-senador Pedro Simon, até o bolsonarista deputado federal Osmar Terra somaram nesse coro. César Schirmer, líder histórico do partido, foi vaiado pela primeira vez em 50 anos de história no partido, ao defender a candidatura própria.
Dos pleitos que mostrou protagonismo, o partido elegeu quatro governadores e foi ao segundo turno em outras três oportunidades. Confirmada a aliança, repete os anos de 1994 e 2002, quando os dois partidos estiveram aliados por com inversão nos cargos. Porém, foi o MDB que elegeu o governador, ficando o PSDB com o vice. É tido como tendência, embora o União Brasil ter declarado apoio a Leite e cacifando-se para a vice ate o momento da eleição. Foi visto como uma suave pressão em Gabrielzinho, como o emedebista é informalmente chamado nos meios políticos.
A primeira eleição disputada ao Governo teve Pedro Simon, derrotado por Jair Soares, no então PDS, em 1982. Quatro anos depois, Simon volta à disputa e vence. Era 1986 e na eleição seguinte, em 1990, José Fogaça não conseguiu vencer e o pleito foi vencido por Alceu Collares (PDT).
Em 1994, o jornalista Antônio Brito, então PMDB e que fora porta-voz de Tancredo Neves e depois de bem sucedida eleição à Câmara dos Deputados, elegeu-se no segundo turno, derrotando Olívio Dutra. Quatro anos depois, em 1998, Britto quer a reeleição, mas agora Olívio leva a melhor e o derrota no segundo turno.
A segunda chapa MDB-PSDB chegaria ao governo novamente em 2002. Considerado “azarão” naquelas eleições, Germano Rigotto chegou ao Piratini com o na época tucano Antônio Hohlfeldt, seu vice. No pleito seguinte, o de 2006, os tucanos tiveram candidata própria e elegeram Yeda Crusius, primeira e única mulher a ocupar a cadeira. Rigotto, que tenta a reeleição, mas não fica nem para o segundo turno, disputado de novo com Olívio Dutra.
Em 2010, Tarso Genro (PT) foi eleito no primeiro turno, não dando chance para MDB e PSDB que ficaram respectivamente em segundo e terceiro na corrida com Fogaça e Yeda. Os emedebistas chegariam pela última vez ao poder em 2014 com José Ivo Sartori, batendo Tarso em uma eleição na qual os tucanos apoiaram Ana Amélia Lemos, então no PP, não figurando nas principais posições da chapa. Nas últimas eleições, a única vez em que os dois partidos se enfrentaram em um segundo turno de forma direta, Sartori foi derrotado por Leite. Talvez daí a contrariedade dele com a coligação formalizada com Leite.