Uma enquete de uma postagem no Linkedin me fez repensar uma afirmação que todo mundo faz meio no automático. A pergunta era se concordavam com a ideia de que o Brasil só começa depois do Carnaval.
Como recém havia chegado em Porto Alegre depois de duas semanas no Rio de Janeiro, e estando lá justamente no período do Carnaval, não pude concordar com essa ideia. Há uma enorme fatia da economia brasileira que está trabalhando a pleno vapor e lucrando justamente nessa época.
O caso do Rio serve para escancarar aos nossos olhos a força dessa festa popular. A cidade inteira vive o Carnaval. Por onde quer que se ande, tem um bloco com milhares de foliões. Além dos blocos de rua, as escolas de samba movimentam quadras de ensaio nas comunidades, culminando nas grandes noites de desfiles no sambódromo. Turistas vindos do Brasil e do resto do mundo chegam para viver esse período na cidade.
Para prestar serviço a isso tudo, bares, restaurantes, supermercados, lojas, empresas aéreas, empresas de ônibus, uber, táxis, airbnb, camelôs, tudo funcionando e lucrando a mil. E ainda emissoras de tv, rádio, jornais, internet, todas cobrindo a festa. Somam-se a isso as postagens em redes nos perfis de cada um, o que gera mais consumo de telefonia celular e internet.
O que acontece no Rio também se dá com diferentes escalas em várias outras regiões do país. É um negócio de grandes cifras que nasce da cultura: música, letra e dança. Emprega artistas e também trabalhadores de outros segmentos. Movimenta o turismo e, a partir disso, toda uma extensão de setores.
Entender a potência e as oportunidades de negócio que se abrem a partir do Carnaval diferencia cidades e regiões no período. Quem se deu conta de que festa, alegria, cultura e lazer também é dinheiro fez desse evento a sua grande safra do ano.
Fico pensando nos cada vez menores investimentos no Carnaval por parte da atual e das últimas administrações da Prefeitura de Porto Alegre. Constrangem, com seu baixo incentivo, tanto o movimento dos blocos de rua quanto o das escolas de samba. O período parece ser um estorvo para os nossos governantes, que agem guiados pela ideia de que o feriado de Carnaval é uma interrupção do setor produtivo. Produção para eles não inclui cultura popular como atividade que também movimenta a economia. Estão loucos que a festa passe para o Brasil finalmente começar.
Enquanto isso, os que sabem que o Brasil não para no Carnaval lucram.