O futebol é pródigo nisso: ou você ganha e será amado ou perde e vai conviver com o ódio e a raiva. E, muitas vezes, isso se resume a bola entrar ou não naquela caixinha com redes. E o Inter vai viver esta dicotomia intensamente nas próximas semanas.
A partir de quarta-feira começará a disputar uma vaga na finalíssima do principal torneio da América. Se passar pelo Fluminense já terá garantido uma premiação de 37 milhões de reais que poderá chegar aos 94 milhões, dependendo do resultado da decisão. Mas é muito mais do que dinheiro que está em jogo.
Se o Inter ganhar a Libertadores tudo de equivocado da atual gestão será esquecido. Os treinadores emergentes que fracassaram, como Miguel Angel Ramirez e Cacique Medina, os jogadores que não deram certo, os dirigentes despreparados. O presidente Alessandro Barcellos estará consagrado como um dos maiores da história do clube. Além de reeleito, entrará na galeria dos Deuses. E ainda vai disputar o Mundial de Clubes!
O problema é que estes mesmos que o consagrariam numa eventual conquista irão recordar suas barbeiragens, caso o Inter esbarre já nas semifinais contra o Flu. Irão lembrar os detalhes de uma gestão que, até agora, acumula derrotas e alguns fiascos impressionantes. E Barcellos deixará o clube carimbado como um perdedor.
Não me serve este radicalismo que depende exclusivamente dos resultados para avaliar a gestão. Claro, reconheço que o campo é preponderante. Se o Inter vencer a Libertadores, a gestão estará mais do que consagrada. Mas tenho capacidade de enxergar que o Inter já faz uma Libertadores digna de sua grandeza.
Chegou entre os quatro finalistas, passou pelo River Plate, superou a altitude, e teve ótimos momentos dentro de campo. Portanto, foi competitivo. E, se não ganhar o título, o clube tem que entender o que faltou. E preservar o que foi bem feito. Tão perigoso quanto desmanchar um trabalho porque a bola não entrou é achar que está tudo perfeito porque a taça está no armário. Mas o futebol funciona assim!
Foto da Capa: Técnico Eduardo Coudet e o presidente Alessandro Barcellos – Inter Oficial