O mundo assiste quase que passivamente um dos episódios mais lamentáveis de racismo destes últimos 50 anos. O que o jogador brasileiro Vinicius Júnior, do Real Madrid, está passando é completamente fora do aceitável. Tornou-se rotina em estádios da Espanha ele ser xingado e chamado de macaco na frente das autoridades. Até mesmo o presidente da La Liga, que organiza o Campeonato Espanhol, passou o sinal vermelho. Javier Tebas usou o twitter para criticar o brasileiro e depois precisou pedir desculpas, diante das críticas que recebeu.
O episódio com Vini Júnior é um retrocesso de 150 anos da sociedade. A discriminação escancarada que se viu, no jogo entre Valência e Real Madrid, na semana passada, foi vergonhosa. Grande parte do estádio chamando o atacante brasileiro de macaco e apenas três torcedores foram detidos. Diante da reincidência dos fatos, um clube do tamanho do Real Madrid deveria se posicionar de forma muito mais enfática. Os colegas de time de Vini Júnior deveriam se retirar imediatamente de campo. Daí sim isso chamaria a atenção e poderia significar um basta para este preconceito criminoso que estamos assistindo. E a FIFA?
Obviamente que a entidade máxima do futebol precisa se posicionar, também rigorosamente e não apenas usar redes sociais para condenar o ato. Mas o que eu quero chamar a atenção mesmo é para o Real Madrid. Por que os jogadores do time espanhol decidem ficar em campo enquanto um companheiro é alvo de tamanho preconceito? Já foram várias partidas que Vini Júnior foi atacado. E os jogos sequer são paralisados. Não há um dirigente do Real Madrid com coragem para determinar que o time saia de campo?
Aqui no Brasil os jogadores se solidarizam e mostram apoio à causa. Ainda que seja, por enquanto, com atitudes simples de protesto antes das partidas. Pelos menos mostram que estão atentos a esta situação. Conviver com o racismo pacificamente também é uma forma de conviver com o crime. Tomara que cada vez mais tenhamos em estádios quem faça denúncia de torcedores que insistam neste deplorável comportamento. O futebol abusa de infringir regras. Mas daí a tolerar o racismo, como faz a Espanha, é demais.