É interessante como o tempo e o espaço produzem – mesmo para quem, como eu, não entende de relatividade como gostaria – inúmeras consequências, e em diversos aspectos da vida cotidiana de qualquer pessoa.
Uma delas, a meu ver, diz respeito às relações humanas de amizade e de amor, seja ele do tipo romântico ou fraternal.
Por isso, lembrei de um filme que eu, particularmente, adoro, e que sempre me faz refletir sobre a ação dessas grandezas físicas nos relacionamentos.
No filme, uma viagem Interestelar (foto da capa) separa pai e filha no tempo e no espaço. Até que, segundo eu entendi, eles conseguem perceber um fator de aproximação muito mais importante.
Mas será que a distância e o tempo só separam em viagens dessa natureza?
Penso que não.
Acredito que distância e tempo aproximam e/ou separam cotidianamente a todos nós.
Uma amizade que deixa de ser cultivada pela falta de encontros ou de simplesmente buscar-se saber do outro. O nunca se ter tempo para vivenciá-la ou a opção deliberada de outras vivências prioritárias.
Um amor que se esvai, não pela distância física, mas sim por um tempo que um não dedica ao outro ou escolhe doar a outra pessoa.
Uma discussão que surge porque de um lado há uma pessoa com pressa e outra que não dá, ao tempo, esse valor tão mundano. Uma espera – que nunca tem fim – de que o outro nos perceba inteiramente e que aceite nossos remendos, até que o fim chega.
Enfim, creio ser difícil não apenas entender como o tempo passa diferente na Terra e em uma viagem interestelar.
Tão ou mais difícil é compreender por que usamos o tempo (ou melhor, a falta dele) para nos distanciarmos de alguém ou de alguma situação à qual não damos a importância que tem.
Complicado é entender o quanto o tempo não dedicado e a distância escolhida podem machucar profundamente.
Talvez o eles existam justamente porque não há amor. Talvez até ele esteja esquecido em algum canto. Escondido em meio ao furor das novidades e, por isso, desvalorizado pelo tempo a ele não dedicado.
Afinal, o amor, quando existe, aproxima, mesmo de longe.
Só ele configura eterno o tempo do encontro. Só ele é capaz de juntar vontades, mesmo à distância.
Só o amor atravessa os tempos e se torna definitivo.
Foi com amor que, no filme, pai e filha se reencontraram.
Pode ser, então, que com amor real os desencontros levem a novos encontros. Infinitamente belos.
Mas será que para isso precisaremos entender de física quântica?
Mildred Lima Pitman - sou Mulher, Mãe, Advogada. E agora, na maturidade, venho buscando, por meio da escrita, uma melhor versão de mim mesma.
Foto da Capa: Reprodução do Youtube, filme Interestelar
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