Olá! Bom dia, boa tarde, boa noite prezada (tem alguém aí?) leitora, prezado leitor. Você é daqueles que sonham com uma alternativa a Lula e Bolsonaro no cenário político? Pois parece que essa opção vai ficando mais difícil.
Neste domingo, 3 de março, O Globo publica pesquisa Genial/Quaest sobre as apurações da Lava Jato. Os pesquisadores foram às ruas de 120 cidades e pediram que 2 mil pessoas dissessem como qualificam as investigações da operação comandada pelo ex-juiz e hoje senador Sergio Moro sobre o ex-governador Sergio Cabral; o ex-presidenciável, ex-governador de Minas e atual deputado federal Aécio Neves; o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha; sobre o ex-presidente Michel Temer e sobre o atual presidente Lula, que teve as penas impostas pela Lava Jato anuladas no STF.
As respostas compõem o retrato em preto e branco e sem nenhuma nuance (cinza, que fosse) da política nacional, que não se altera desde 2018, advento do bolsonarismo, que alguns insistem em manter vivo… Com o lulismo dividindo o cenário. E mostram, os pesquisados, que Lula e Bolsonaro estão certos ao manter viva e, cada vez mais viva, a polarização. Para quem sonha com uma alternativa a Lula e Bolsonaro, a pesquisa Genial/Quaest não traz boa notícia. É estreito o espaço para a terceira via.
Aos números, então. Deixemos Lula para o final.
As perguntas da pesquisa eram duas:
– A Lava Jato investigou os partidos igualmente?
– Avalia como adequada a investigação contra…
Nas respostas sobre a investigação dos partidos já se tem uma ideia da dificuldade de alguma legenda se colocar, com chances eleitorais, entre lulismo e o bolsonarismo. São 28% dos brasileiros os que consideram que a Lava Jato se ocupou principalmente do PT. Outros 23% acreditam que os partidos foram investigados igualmente. São 22% os que consideram que a Lava Jato não investigou nenhum partido. Só 2% acreditam que o MDB foi o mais investigado e apenas 1% reclamam que o PSDB foi mais investigado. O Brasil tem mais de 30 partidos registrados no TSE. Não há salvação fora do PT?
Nas respostas à segunda pergunta, temos empate técnico entre todos os envolvidos. Sobre Aécio Neves, 57% consideram que a investigação foi adequada e 15% reclamam que foi excessiva. A investigação sobre Sergio Cabral, foi adequada para 56% dos entrevistados e excessiva para 14%. Para 57% Eduardo Cunha foi investigado adequadamente e sobre excessos para outros 15%. A investigação sobre Temer e Lula é considerada adequada para 59% dos pesquisados. São 18% os que consideram um excesso a investigação contra Temer. E Lula, para os entrevistados na pesquisa Genial/Quaest, foi quem mais sofreu na Lava Jato. São 29% os que enxergam excessos nas investigações contra o então ex-presidente e hoje presidente da República.
Um outro dado da pesquisa mostra bem a polarização que tanto atrapalha o debate político. Há um empate entre os que dizem que Lula é sempre inocente e os que consideram que ele é culpado e deveria estar preso: 43% a 43%.
Nas respostas dos que anularam o voto, votaram em branco, ou nem foram votar, dá para ver o estreitamento do espaço da terceira via: 30% desse eleitorado acredita na inocência de Lula. Já os que consideram o presidente culpado, entre aqueles que não votaram em 2022, são 47% . Mas a pesquisa não informa quantos desse 47% são bolsonaristas…
Tem quem acredite que a eleição municipal desse ano vai acirrar a polarização. Até pode ser. Mas é a última oportunidade para o surgimento de uma alternativa política. Nas campanhas municipais, o debate é sobe temais locais; o ônibus que não passa e quando passa passa lotado, a escola (quando tem escola) longe de casa, a lâmpada queimada no poste da esquina, o preço do IPTU…
Afinal, é na cidade que se vive e a eleição do prefeito e dos vereadores pode ser uma preliminar do debate que gerou (e derrotou) o bolsonarismo: a questão dos costumes, as relações sociais, o respeito às instituições, a importância do voto…
Lula e Bolsonaro são os cabos eleitorais deste ano. Lula já não tem mais a sombra da Lava Jato a lhe acompanhar. Tem o bônus da caneta de presidente e o ônus de eventuais crises. Mas ninguém perde nada estando perto dele…
Bolsonaro já vem com crachá de inelegível e com a nuvenzinha dos inquéritos do STF a lhe fazer sombra. Quem quer a companhia do ex-capitão?
No meio disso tudo, será que começa ser aberta uma via alternativa?