Não. Este não é um texto sobre bonecas do tipo “bebê reborn”. Pelo menos não fazendo apologia ou crítica, tampouco falando de algum bebê reborn que está indo à creche ou ao pediatra.
É apenas a minha opinião.
Mas, sim, envolve a ultramega viralizada polêmica que tem surgido nas redes sociais, na internet, nos grupos de WhatsApp e até nas rodas de conversas sobre a nova onda dos bebês reborn.
Devo dizer, no entanto, que minha experiência com o que, para mim, e com todo o respeito a quem pensa diferente, é só um tipo de boneca, é pequena.
Comprei uma, de segunda ou terceira linha, a pedido da minha filha, quando ela tinha por volta de 6/7 anos, em razão da “modinha” entre as amigas de escola.
Hoje, a dela está guardada na estante de brinquedos/bonecas/bibelôs (só quem é antigo vai entender esse termo) que ela, até agora, já na adolescência, ainda não quis desfazer.
Nesses últimos tempos, fui vê-la. Só para tentar ter uma compreensão da razão pela qual tem se falado tanto no assunto.
Não encontrei nenhuma resposta.
A da minha filha não fala. Não pensa. Não interage.
Mas também não chora. Não pede comida diferente em plena quarta-feira, só porque não quer comer o que tem em casa. Não dorme tarde. Não fica além do tempo permitido no celular.
A daqui também não fica triste nem tem febre.
Resumindo: ela não dá trabalho.
Diante disso tudo, me peguei pensando em que espécie de momento nossa sociedade está.
Será que estamos vivendo um “reborning/renascimento” de uma sociedade que prefere só pensar nas coisas reais, mas opta por deixá-las a uma certa distância de si?
Porque sim, como já disse o Palavra Cantada (pais de crianças nascidas nos anos 2010/2011 me entenderão), criança não trabalha. Criança DÁ TRABALHO.
Já bebê reborn, não. Pode dar impressão de que dá trabalho, a depender de como cada um viva na sua mente e exteriorize isso. Mas, de fato, no mundo concreto em que ainda estamos vivendo, não mesmo.
O que eu concluo disso tudo é que, mesmo que meus filhos já não tenham aparência de bebês, eles foram, e continuam sendo, para mim, todos os dias, o meu “Reborning”.
Eu renasço sempre que os vejo crescendo e experimentando a vida.
Renasço quando a vida nos faz cair e conseguimos levantar porque temos uns aos outros, com tantas imperfeições, mas com amor compartilhado de forma real.
Renasço quando tenho, como Mãe, que procurar ser forte para orientá-los diante das dificuldades da convivência humana em sociedade, ainda que eu mesma ainda as tenha em tantos aspectos.
Renasço ainda mais quando os percebo entendendo que a vida é feita de coisas simples. Dos nossos abraços, dos filmes que vemos juntos, dos assuntos que debatemos, das risadas que damos e, principalmente, dos recomeços em que caminhamos juntos.
Porque só vivendo isso tudo na realidade é que se sabe o que é renascer, mesmo na imperfeição humana.
Mildred Lima Pitman - sou Mulher, Mãe, Advogada. E agora, na maturidade, venho buscando, por meio da escrita, uma melhor versão de mim mesma.
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