Calma, já posso adiantar que este não é um texto motivacional sobre olhar para o seu interior. Mas, sim, olhar para o interior do estado. O momento que vivemos se mostra cada vez mais propício para o desenvolvimento de políticas e projetos que visam o desenvolvimento econômico dos interiores dos estados. Principalmente, o desenvolvimento estudantil destas regiões. Interiorizar a informação e o ensino é democratizar o acesso à informação.
Quando pensamos na fundamentação da interiorização dos processos e da informação, vemos a necessidade de as instituições terem esse intuito. Por exemplo, o Sindaergs é o Sindicato que tem como objetivo representar todos os administradores do estado do Rio Grande do Sul, desta forma é uma das missões da instituição levar a todos administradores, ou ao menos tentar realizar tal feito, as vantagens e benefícios de ser um associado. Além de orientar e ser um parceiro de jornada para todos os profissionais da área.
Neste caso, torna-se ainda mais importante o processo de interiorização pelo serviço prestado pelas instituições de classe. Muito além de oferecer serviços e facilidades em planos de saúde – que de fato são atividades significativas, relevantes e com impacto imediato ao associado -, o sindicato presta a consultoria de direitos de cada profissional e atua como um legítimo parceiro de jornada, ofertando networking, possibilidades de crescimento com cursos e workshops, além de oportunidades junto a empresas e outras instituições.
Porém, o grande desafio é como chegar a tais lugares. É preciso pessoas qualificadas para tal ação. Por mais que a pandemia tenha nos apresentado a possibilidade de reuniões e eventos serem realizados de forma 100% online, ainda não foi inventada uma forma de cultivar e inspirar pessoas mais eficaz que o bom olho no olho. Pode parecer redundante, mas para a real interiorização, ir até o interior é vital.
Mas aí chegamos em outro ponto delicado e que precisa ser debatido nesse processo. As sedes das instituições estaduais, de forma geral, estão nas capitais e o deslocamento e captação de profissionais é custoso. Contudo, existe um caminho a ser seguido e um “atalho” para atingir os futuros administradores e trabalhadores de cada segmento: as universidades.
Promover o ensino superior no interior de cada estado é o caminho para atingir o tal público e proporcionar oportunidades de estudo para quem, por localização, talvez não tivesse o acesso. Desta maneira, as instituições podem fazer parcerias com as universidades para juntos irem até municípios mais distantes e, além de ofertar as oportunidades de ensino, ainda passar a informação sobre a existência de uma entidade que está à disposição para ajudar no desenvolvimento profissional de cada estudante.
No exemplo específico dos sindicatos, desde 2017, com a mudança das leis trabalhistas e o implemento da não obrigatoriedade da contribuição sindical, vemos uma deterioração dessas entidades. Quanto menos arrecadação, menos serviços um sindicato pode ofertar e consequentemente torna-se menos atrativo para novos associados. Quanto menos associados, mais próximo é o fim de um sindicato. Todavia, as inovações surgem da necessidade. Na busca por mais associados e pela sobrevivência da instituição, é preciso pegar a estrada e ir angariar os novos profissionais que estão se formando e necessitam deste apoio institucional para o seu aperfeiçoamento.
Contemplar o público do interior não é uma boa ação feita pelos órgãos e instituições estaduais. É uma obrigação. Todas as oportunidades de acesso à educação de nível superior e de informação precisam ser prontamente trabalhadas para os municípios localizados na região do interior. É uma missão que deve ser cumprida.
Foto da Capa: Yan Krukau/Pexels