Embora parecesse que a meia idade era uma realidade super distante, o futuro chegou. Ontem eu tive meu primeiro filho e em poucos meses chega meu primeiro neto. Ontem eram ou outros, hoje sou eu. Como eu me sinto? Feliz por ver a família crescer e por fazer parte de uma geração de avós que acordou quando entrou nos “enta” e resolveu tomar as rédeas da própria vida para deixar de ser refém dos problemas e estigmas que chegam com a idade. Ser avó até bem pouco tempo era sinônimo de ser uma mulher velha, com o peso pejorativo da expressão.
Hoje somos um batalhão de mulheres por todo o mundo demonstrando na prática que o envelhecimento precisa ser encarado de forma positiva. Com a ajuda da ciência, mas com uma alta dose de disciplina e comprometimento, fazemos parte de uma geração que está mudando a percepção sobre o envelhecimento.
A minha “virada de chave” veio quando cheguei aos cinquenta e me perdi no caminho. De repente meu corpo deixou de responder da mesma forma que havia feito durante toda a minha vida. Mas não era o número, era o que fiz, ou deixei de fazer, que me colocaram naquela situação.
Poucas horas de sono, uma tacinha de vinho pra relaxar, aquela sobremesa pra fechar as refeições, vários cafés por dia, uma rotina sem exercícios, encher a boca pra dizer “não tenho tempo pra nada”, alimentação deficiente e desregrada. Estresse, ansiedade, trabalho de mais. Quem nunca? Esses são apenas alguns exemplos do que não devemos fazer com nosso corpo.
Eu gabaritei todas as alternativas acima.
Não dá nada! Sou forte, tenho boa composição corporal, ainda sou jovem, um dia eu mudo. Assim segui muitos anos me sentindo invencível. Paguei pra ver e no meio do caminho paguei o preço.
As informações sobre bons e maus hábitos são amplamente divulgadas e estão disponíveis, basta a gente querer trocar os prazeres imediatos por qualidade de vida.
Não é o envelhecimento por si só a causa da maioria das doenças, é como decidimos envelhecer que nos coloca mais suscetíveis às doenças cardíacas, às demências, diabetes, limitações de mobilidade, etc.
O “sempre fiz e agora já não consigo mudar” é um argumento muito pobre diante dos benefícios que uma mudança de atitude pode trazer.
O que você come ao acordar?
Quantas refeições faz ao longo do dia?
Você come somente para matar a fome ou pensa no que come para nutrir seu corpo?
Consegue distinguir fome emocional de fome real?
Bebe água?
Como está sua mobilidade?
Faz alongamentos?
Tem músculos fortes?
Dorme bem?
Sente prazer em atividades simples?
Ainda faz aquilo que te faz feliz?
Faz planos futuros?
Estas foram algumas das perguntas que comecei a fazer a mim mesma quando decidi me reencontrar física e emocionalmente. Precisei recalcular o trajeto. Tem dado certo.
David Sinclair, um pesquisador da Harvard Medical School, é conhecido em todo o mundo por suas teorias inovadoras sobre o envelhecimento. Ele propõe que o envelhecimento não é apenas um processo inevitável, mas sim algo que pode ser desacelerado ou até mesmo revertido. O pesquisador acredita que certos genes e dinâmicas celulares desempenham um papel crucial nesse processo, e que podemos influenciá-los por meio de hábitos saudáveis e intervenções específicas, como o controle da dieta e a ativação de certos genes. Ele propõe também o uso de compostos químicos, mas sem nunca esquecer a base do bem-estar: comer certo, comer menos calorias e com menos frequência, fazer exercícios físicos.
Sinclair diz ainda que expor o corpo a situações desconfortáveis como frio, calor, fome e falta de fôlego são também algumas maneiras de estimular as defesas do organismo e ativar os genes para desacelerar o relógio do envelhecimento.
Não estou aqui para bancar verdades absolutas de quem quer que seja, mas entender e escutar o meu corpo e aprender com o exemplo de outras pessoas tem me conduzido por um caminho com menos pedras.
Minha opinião, se tiver dúvidas, faça o básico bem feito e já está no lucro.
Alimentação: não se trata apenas de contar calorias, mas sim de fornecer ao corpo os nutrientes necessários para funcionar adequadamente. Repense sua relação com o açúcar, sal e álcool.
Exercícios Físicos: não é só para manter um peso saudável, mas também fortalecer músculos, ossos e coração. E, é claro, o bom funcionamento do cérebro.
Saúde Mental: cuidar da mente é igualmente importante. Relaxamento, meditação ou simplesmente fazer algo que você ama só vai trazer benefícios.
Vou ali beber mais um copo de água, correr para a academia que esse ano chega o primeiro neto, mas quero estar bem para os próximos que vão chegar também.