Vivemos tempos complexos em escala global e local. As relações sociais no mundo são cada vez mais instáveis e isso naturalmente nos enche de incertezas e produz inseguranças.
É esse estado presente em todos nós, em maior ou menor proporção, que Bauman, sociólogo polonês, chamou de insegurança existencial quando construiu o conceito de modernidade líquida, uma época em que as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, flexíveis, sem forma clara e definida.
Dentro de um contexto em que a insegurança existencial é uma realidade, as doenças emocionais são cada vez mais comuns e o homem social se torna cada vez mais frágil e menos atuante.
Tendo essa realidade e sua complexidade como fatos, é na evolução do processo civilizatório e da construção política que nos abraçamos para termos esperanças e sistematicamente substituirmos as diferentes formas de violência pela utilização sistemática das regras do direito com o propósito de estabilizar minimamente as relações sociais.
É muito fácil percebermos o processo civilizatório em construção quando refletimos sobre os comportamentos que tínhamos há 20 ou 30 anos e dos quais nos envergonhamos hoje. A evolução civilizatória é historicamente progressiva e inexorável, mas não esta livre de períodos de retrocesso e escuridão.
No Brasil, diante de um acirrado pleito majoritário, ultra polarizado, que se define no próximo dia 30 de outubro, temos sob nossa responsabilidade muito mais do que eleger um Presidente e Governadores de Estado. Vamos decidir, como já referiu o Teólogo Ed René Kivitz, qual tipo de sociedade queremos.
No dia 30, definiremos se queremos avançar ou retroceder nessa jornada civilizatória.
Será uma escolha entre reconhecer ou negar, entre tantas outras coisas: a diversidade em todas suas dimensões; a ciência e a pesquisa como base das políticas públicas; a beleza e o valor de uma sociedade multi-cultural e suas expressões artísticas; a tolerância a todas as crenças e manifestações religiosas; o respeito ao convívio democrático e republicano valorizando as instituições e suas imperfeições; a inclusão como base para o desenvolvimento; a responsabilidade socioambiental como premissa em tudo que fazemos.
Enfim, definitivamente não é uma opção entre um candidato ou outro, entre um partido ou outro, entre um projeto ou outro, é uma opção entre um período de luz ou de escuridão.
*Cesar Paz é empreendedor e articulador do POA Inquieta