Ouço música todos os dias e às vezes o dia inteiro. Sempre gostei de descobrir novos artistas e ir atrás dos discos deles. Entenda-se por novos aqueles que eu não conhecia. Podem ser atuais ou antigos. São novos para mim.
Na adolescência, frequentava as casas de alguns amigos que compravam bons lLPs, os vinis, e levava fitas k7 para gravar nos seus aparelhos 3 em 1. Nessa época, o rock do Deep Purple, Queen, Kiss, Black Sabbath e outros nessa linha. Fazia minhas sequências, o que se chama hoje de playlist, a maioria com um critério: não entravam as lentas!
Depois, mais jovem adulto, a música brasileira de Caetano, Gil, Chico, Alceu Valença, Moraes Moreira, Milton, Gal, Bethânia, Zé Ramalho, Paulinho da Viola, Jorge Ben. Aí as lentas puderam comparecer. E também já tinha alguma grana pra comprar os discos.
Alternativos e vanguardistas em seguida: Itamar Assumpção, Rumo, Arrigo, Tetê, Premê. E os gaúchos: Nelson, Bebeto, Almôndegas, Nei, Vitor. A volta do rock, tanto gaúcho quanto nacional. E o internacional, The Cure. E Prince!
Jazz, eu já com trinta: Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Louis Armstrong, Duke Ellington, John Coltrane, Count Basie. E já maduro para redescobrir Beatles, Dylan, Neil Young. Um escritor amigo, eu com mais de quarenta, me apresentou Moacir Santos e seu disco Coisas, suprema iluminação.
Chegamos à música nas plataformas digitais, um prato cheio para um pesquisador eterno como eu. Usando o Google e o Spotify, descobri pérolas da soul music estadunidense dos anos sessenta e setenta. Não sem antes o Google, ao me ver digitar soul, oferecer SOUL, Sociedade de Ônibus União Ltda. Ah, a geolocalização…
Marvelletes, Mary Wells, The Main Ingredient, Gladys Knight & The Pips, Curtis Mayfield, Smokey Robinson, Bettye Swann, Esther Phillips. A nata do soul com trabalhos que não circularam por perto de mim durante a minha vida e só com as possibilidades de pesquisa de hoje achei.
Agora, um punhado de uma música dos Estados Unidos já do século vinte e um. Trabalhos de 2010 para cá na sua maioria, herdeiros do soul, do R&B, do folk, do jazz e da disco music. Destaco, entre esses, primeiro Matt Duncan, um baixista e produtor, com os álbuns Soft Times, Beacon e Free Music. É um soul contemporâneo, com belas melodias e arranjos de poucos instrumentos em que se sobressai o som das frases do baixo.
Em segundo, Lake Street Dive, principalmente o álbum Fun Machine. É um soul e R&B em que a cantora Rachael Price arrasa tanto na beleza do timbre quanto na interpretação. Junto com ela, a baixista e compositora Bridget Kearney faz um backing vocal de primeira.
A outra banda é a Próxima Parada. É um grupo de San Luis Obispo, na Califórnia. A cidade tem imigração portuguesa e espanhola. Os integrantes, nascidos nos Estados Unidos, se conheceram na faculdade. O pessoal do ônibus escolar dizia a cada novo desembarque a expressão “próxima parada”. Virou o nome dessa banda com baladas leves e cheias de balanço. Destaco deles o álbum Second Brother.
Um jazz contemporâneo, com uma interpretação vocal que bebe na voz dos mestres, mas traz uma personalidade própria, é o que fa Jamie Cullum, sobretudo no álbum Twentsomething.
Folk revisitado e revivido com aquele clima introspectivo? Amos Lee no seu Supply and Demand cheio de belas canções.
Acho que quem se interessou já tem bastante coisa pra ouvir. Depois, deixa rolar a rádio do disco, pelo menos no Spotify é assim, que traz mais artistas com afinidades com esses e novas descobertas se revelam.
Foto da Capa: Facebook do Matt Ducan