Há um ano, vivemos a maior enchente do Estado. Chuvas intermitentes. Cidades inundadas. Estradas e pontes obstruídas. Famílias que perderam tudo. Pessoas desaparecidas. Mortes. Medo. Saúde mental e saúde física de muita gente comprometida. Uma tragédia climática que inquietou o mundo e deixou populações inteiras atordoadas, com milhares de pontos de interrogação diante das destruições, do sofrimento e da falta de perspectivas. Pesquisadores e estudiosos dos fenômenos climáticos foram unânimes em afirmar que eventos assim serão cada vez mais frequentes neste mundo sem freios.
O alerta foi feito! Mas quem se importa? O que fazer?
Educar, legislar e governar para a saúde do planeta e da vida cotidiana de quem busca dignidade em meio ao caos é o caminho. Mas, acima de tudo, infelizmente, estão interesses pessoais, acúmulo e o egoísmo cruel de quem não sabe o que é interação. Onde os governos colocam o bem comum? Onde nós colocamos? Menos ambição e mais humanidade é o que precisamos. Menos arrogância e mais valor à ciência e às pesquisas. É urgente ampliar o cinturão verde das cidades. É urgente o descarte correto do lixo. Mais limpeza, menos concreto, mais árvores e mais respeito pela terra.
Até porque, como já disse o agrônomo, ambientalista e escritor José Antônio Lutzenberger, “A terra não é um simples objeto de exploração”. Lutz morreu em 2002, aos 75 anos, mas seus ensinamentos e sua lucidez estão aí para serem colocados em prática. Pelo que parece, poucos ouviram o conselho deste mestre, filósofo, paisagista que participou ativamente da busca pela preservação do meio ambiente – “Está claro que a espécie humana não poderá continuar por muito tempo com a sua cegueira ambiental e com sua falta de escrúpulos na exploração da natureza”. O alerta foi feito!
O que aprendemos verdadeiramente com a tragédia que nos impactou e paralisou? É possível a simplicidade, a valorização dos ensinamentos básicos, o cuidado, a empatia, o colocar-se no lugar do outro? É possível a honestidade? É possível construir sem destruir? Com certeza é, mas para isso precisamos de consciência social, determinação e coragem. As respostas estão no dia a dia e na solidariedade despojada. Até porque, quando vivemos momentos de desespero, fica evidente que não estamos sozinhos, mesmo que a corrupção passe ao lado. E passa, mostrando que muita gente não aprendeu nada ou aprendeu apenas a usufruir e negar as evidências. Doações desviadas ou vendidas. Documentação falsa para ganhar o que não precisa. Verbas estocadas em gabinetes de políticos ou usadas para outros fins. A hipocrisia escancarada!
Mas ainda temos faróis a nos iluminar. Vamos espalhar estas luzes e semear o bem comum. Entender que somos humanos e imperfeitos, e que isso não nos enfraquece, é fundamental nessa caminhada. Sempre é tempo de aprender e ensinar!
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Foto da capa: PMPA