As primeiras semanas do ano representam um verdadeiro teste de resistência para os pais que trabalham. O período entre o fim das festas de fim de ano e o início do ano letivo impõe desafios logísticos e emocionais para milhões de famílias brasileiras. Enquanto as crianças ainda estão de férias, os pais precisam retomar suas atividades profissionais, muitas vezes sem uma rede de apoio adequada. É a chamada “operação verão” – um malabarismo diário entre trabalho e cuidado infantil. A questão não é apenas uma dificuldade individual, mas um tema que deveria estar na pauta das empresas e da sociedade. A falta de alternativas para o período de férias escolares pode gerar impacto direto na produtividade dos colaboradores, aumentando o estresse e dificultando a conciliação entre vida profissional e pessoal. Funcionários sobrecarregados emocionalmente tendem a apresentar menor rendimento, maior absenteísmo e, em muitos casos, a recorrer a licenças médicas ou ausências não programadas.
Diante desse cenário, torna-se essencial que as empresas compreendam essa realidade e busquem soluções que facilitem o dia a dia de seus colaboradores. Algumas organizações já adotam iniciativas como a flexibilização de horários, a possibilidade de home office parcial para determinadas funções, a criação de espaços kids ou parcerias com colônias de férias, além da concessão de banco de horas ou licenças curtas e programadas. Além dos impactos diretos na produtividade, medidas como essas fortalecem a relação entre empresas e funcionários, reforçando o sentimento de pertencimento e engajamento. Afinal, um colaborador que se sente acolhido e compreendido em suas dificuldades pessoais tende a ser mais leal e comprometido com a organização.
A valorização da parentalidade e o apoio às famílias no ambiente corporativo são tendências mundiais. Países que investem em políticas mais flexíveis para pais e mães percebem benefícios tanto no bem-estar dos trabalhadores quanto na sua performance profissional. No Brasil, ainda há um longo caminho a percorrer. Mas compreender a “operação verão” como um desafio real e agir para mitigar seus efeitos é um primeiro passo para construir ambientes corporativos mais empáticos e produtivos. Empresas que reconhecem essa necessidade saem na frente na retenção de talentos e na construção de uma cultura organizacional mais humanizada. O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal não é apenas um desejo individual – é uma demanda social e corporativa. E a forma como lidamos com isso diz muito sobre o ambiente de trabalho que queremos construir para o futuro.
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Foto da Capa: Gerada por IA