Carlos André Moreira
Vaidosos Demais, de Rafael Castro
Entre os artistas nacionais do início dos anos 2010, Rafael Castro se destacava do cenário insuportável de “herdeiros dos Los Hermanos” por seu humor caótico e debochado (ouçam a canção Caetano Veloso). Perdi o rastro dele por quase 10 anos até descobrir que lançou este disco agora em 2024. Destaque para Pessoal da Claro, pérola do sarcasmo nestes dias de capitalismo digital tardio.
Under the Shadow of a Foreign Sun, de Piah Mater
Dupla brasileira que angariou um certo status cult com seus dois álbuns anteriores, a Piah Mater constrói neste álbum um trabalho atmosférico e intenso em que se cruzam toques de cançoneta medieval, jazz fusion inventivo e um death metal progressivo pegado, gutural, melódico e muito bonito.
Invincible Shield, de Judas Priest
Notaram que banda não faz mais sucesso e vivemos a era do artista solo pop? Assim, indicar um álbum de um grupo jurássico de metal coisa parece mesmo coisa de velho. Assumo a senilidade e mando os novinhos para a casa do chapéu. Disco que flagra a banda em ótima forma com as características de sempre: peso, energia, velocidade e a voz matadora de Rob Halford.
Jorge Barcellos
Trilha sonora de Doutor Jivago. (Maurice Jarré, 1965).
É um filme perfeito para a esquerda, pois envolve a Revolução Russa e para os românticos, pois conta a história de amor de um homem dividido entre duas mulheres. Seu famoso “Tema de Lara”, da trilha sonora que recebeu Oscar, é de autoria de Maurice Jarré – pai do também compositor Michel Jarré – o mesmo compositor da trilha de Lawrence da Arábia. Para quem ama clássicos.
Pra viajar no cosmo não precisa gasolina. (Long Player, Nei Lisboa, Toca do Disco, 2024).
Momento bairrista: devemos valorizar a música local em tempos de globalização. Reedição do clássico de 1983 pela Toca do Disco Records, a edição dos 40 anos do disco é em vinil transparente, tem encarte duplo com a versão original e textos e fotos inéditas. Destaque para o lado politizado pré-redemocratização e a luta do compositor para lançá-lo: o original foi vendido através dos “Neislisbônus”, inaugurando aqui uma espécie de vaquinha que possibilitou a gravação do clássico disco. Disponível na Toca do Disco.
Trilha sonora original da série coreana King de Land (no Brasil: Sorriso Real).
Sim, ninguém é perfeito. Todos temos alguma falha. Minha previsão é que no futuro, todos seremos dorameiros. Isto é devido ao sucesso dos k-dramas, não apenas por suas histórias singelas, onde o beijo dos protagonistas ocorre somente no episódio final, mas também por suas trilhas sonoras suaves. Destaque para Confess to you, cantada por Lim Kim, um K-Pop, é claro.
Karen Farias
Podcasts
Foro de Teresina
Em todos os tocadores de áudio – sem abrir mão do rigor jornalístico e de boas risadas, faz ótimas análises políticas. É divulgado todas as 6as feiras a partir das 11h, com os jornalistas Fernando de Barros, Ana Clara Costa e o sociólogo Celso Rocha de Barros. Disponíveis em todos os tocadores de áudio.
451 e Ilustríssima Conversa
Dois podcasts para quem gosta de ouvir sobre literatura, ambos trazem escritores para falarem sobre o lançamento de seus livros. Quando se trata de escritores já falecidos, vem seus editores, tradutores ou amigos próximos. Uma riqueza para os amantes da leitura. O 451 é apresentado por Paulo Werneck e Paula Carvalho, editores da revista 451, e o Ilustríssima Conversa pelo jornalista Eduardo Sombini. Ambos são quinzenais e estão disponíveis em todos os tocadores de áudio.
Não Te Empodero
Podcast conduzido pela Dra. Maria Carol Medeiros, professora e pesquisadora pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ. Num clima de conversa, em linguagem fácil, mas de forma embasada, a partir de autoras como Simone Beauvoir e Michelle Perrot, ela comenta o cotidiano na perspectiva da socialização feminina. Acontece uma temporada por ano, quando os episódios são lançados às 3as feiras, mas eles são atemporais e podem ser maratonados. Disponível apenas no Spotify.
Lelei Teixeira
Sou movida a música desde criança, Ouvir, cantar e dançar me faz muito bem. E selecionar três foi um desafio e tanto.
Samboleria, de Totonho Villeroy.
Mistura incrível de ritmos que me fascinam. E é um convite para dançar.
Que tal um samba?, de Chico Buarque.
Canção irônica, que diz de um período político difícil. “Puxar um samba, que tal? / Para espantar o tempo feio / Para remediar o estrago / Que tal um trago? / Um desafogo, um devaneio”.
Foguete, de Roque Ferreira e Jota Velloso.
Música afetiva, nas vozes da família Veloso, que comove e acalma – “É como diz João Cabral de Melo Neto, um galo sozinho não tece uma manhã”.
Vera Moreira
Pátria, de Murray Schafer (1933-2021)
Drama musical ritualístico Executado anualmente por mais de três décadas à beira de um lago, no Canadá. Para melhor apreciar, é fundamental ler O lobo no labirinto, de Marisa Trench de Oliveira Fonterrada, que descreve o incrível processo de Pátria. Durante oito dias, “atores” de diversas profissões e países se reuniam na floresta para executar o drama de doze atos, que misturava mito, arte, psicologia e ecologia. Disponível no YouTube.
Concerto especial da Ospa (direção artística e regência de Evandro Matté) com o Grupo Corpo (direção artística e coreografias de Paulo e Rodrigo Pederneiras).
Um casamento perfeito, emocionante, mas que precisa encontrar espaço adequado, pois o palco da Casa da Ospa não comporta tamanha expressão artística – a orquestra ficou espremida ao fundo e os bailarinos com uma faixa limitada à frente.
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