Entre tantas atividades ocorridas em novembro, vale lembrar que o dia 14 de novembro é uma data alusiva à prevenção do diabetes mellitus tipo II na esfera mundial.
É importante refletir sobre o nutricídio que abarca as existências de pessoas negras, periféricas e todas as outras que vivem em situação de vulnerabilidade. Ele está relacionado a popularização e distribuição de alimentos extremamente tóxicos (como por exemplo, com o uso de agrotóxicos e o crescente aumento das redes de fast food.
Há movimentos de resgate à comida tradicional africana como o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos de Matriz Africana, que revela a importância da soberania alimentar para os povos originários e comunidades e povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, para a garantia de suas tradições e direitos.
E você come o que produz saúde ou doença?
Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes é conceituado como um conjunto de alterações metabólicas caracterizada por níveis elevados e sustentados de glicemia, ou seja, os índices de glicose mantêm-se elevados na corrente sanguínea.
O diabetes mellitus tipo 2 ocorre devido à perda progressiva de secreção insulínica, frequentemente combinada a resistência à insulina, que acontece quando há dificuldades de transportar a glicose do sangue para o interior das células, fazendo com que a glicose se acumule no sangue.
Essa resistência à insulina, geralmente é assintomática, com maior incidência a partir dos 40 anos em pessoas com excesso de peso, comportamento sedentário, com hábitos alimentares não saudáveis e história familiar de diabetes.
Os principais sintomas estão relacionados à fome frequente, sede constante, vontade de urinar diversas vezes, infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele. É uma doença de condição crônica, progressiva, que pode evoluir para graves complicações renais, oftalmológicas e manifestações relacionadas ao sistema nervoso periférico, como por exemplo: o formigamento nas extremidades, úlceras nos pés, visão turva, cansaço, entre outros.
Em 2018, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) fez uma análise específica sobre a população negra no Brasil, com o objetivo de garantir as necessidades de saúde e expandir o acesso ao atendimento.
Os dados mostraram que 24,9% dos adultos negros relataram hipertensão arterial e 82,5% alegaram fazer tratamento médico. O diagnóstico de diabetes estava presente em 7,6% dos adultos negros, dos quais 88,4% faziam tratamento para a doença.
O percentual de adultos negros com excesso de peso foi de 56,5% (57,3% em homens e 55,8% em mulheres) e de 20% para obesidade (21,8% em mulheres e 18,1% em homens).
A pesquisa também mostrou que há uma tendência de mudança de hábitos e de estilo de vida entre a população negra brasileira, o que contribui para a prevenção de doenças como a diabetes. O número de fumantes caiu de 13,4% em 2011 para 9,2% em 2018, e houve um aumento na constância de prática de atividades físicas por pelo menos 150 minutos durante a semana: em 2011, o percentual era de 30,3% e em 2018, 38,5%.
O Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil (2021) evidencia que as condições socioeconômicas de um indivíduo atuam diretamente sobre a sua saúde. A população de baixa renda e escolaridade apresenta maior exposição aos fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares, tais como o tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, alimentação não saudável e excesso de peso.
Além disso, o pior perfil socioeconômico dificulta o acesso aos cuidados e serviços de saúde que visam à prevenção, diagnóstico e tratamento das DCNT e influenciam diretamente sobre o controle dos níveis de controle da pressão arterial e glicêmico.
Podemos refletir criticamente sobre alguns fatores fundamentais para a prevenção do diabetes mellitus tipo II na saúde da população negra.
Acesso aos serviços de saúde: os serviços de atenção primária em saúde estão disponíveis para atender a população trabalhadora?
É necessário ampliar o número de unidades de saúde que atendam a população após às 18 horas.
Alimentação Saudável: a cesta básica não oferece alimentos saudáveis para a população. Faltam orientações sobre a substituição de alimentos ultra processados por alimentos integrais e mais saudáveis. É importante considerar que a alimentação saudável ainda é de alto custo e de difícil acesso para a maioria da população brasileira.
Prevenção do sedentarismo: não é sobre estética. Prática de exercícios físicos são fundamentais para a prevenção de doenças, como por exemplo o diabetes mellitus tipo 2.