Em meio às manchetes sobre a política internacional, talvez você tenha se deparado recentemente com o termo “tarifaço americano”. Mas o que isso significa, afinal? E, mais importante: por que esse movimento do governo dos Estados Unidos pode impactar diretamente o seu dia a dia, do preço do seu carro novo ao valor da carne no supermercado?
O chamado “tarifaço” é o conjunto de novas tarifas de importação que os Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, anunciaram para diversos produtos estrangeiros, principalmente vindos da China. A medida foi justificada como uma forma de proteger a indústria americana da concorrência internacional. No entanto, os efeitos colaterais ultrapassam fronteiras e já começam a ser sentidos também no Brasil.
Na prática, ao dificultar o acesso de produtos chineses ao mercado americano, os Estados Unidos forçam uma reorganização das cadeias globais de produção e comércio. E isso respinga por aqui.
Por exemplo: o aço e o alumínio brasileiros, que antes tinham uma demanda relativamente estável no mercado externo, agora enfrentam um cenário mais incerto. Se o mercado americano deixar de comprar da China, pode passar a importar mais de outros países, e nós, que exportamos matéria-prima, podemos perder espaço. Ou, pior ainda: podemos enfrentar uma “invasão” de produtos chineses buscando novos mercados, pressionando os nossos preços internos.
Outro impacto prático está na cadeia de insumos agrícolas e industriais. Máquinas, fertilizantes, componentes eletrônicos e veículos podem ter seus preços alterados — seja por escassez, por aumento da demanda ou pela necessidade de buscar fornecedores mais caros e menos eficientes. Em resumo, é um efeito dominó que pode acabar no supermercado, no posto de gasolina ou na prestação do seu financiamento.
Além disso, o tarifaço pode gerar uma onda de protecionismo, em que outros países adotam medidas semelhantes. E esse clima de tensão e incerteza prejudica especialmente economias emergentes como a brasileira, que dependem fortemente do comércio exterior e da confiança dos investidores internacionais.
É claro que o Brasil tem alternativas. Pode buscar acordos bilaterais, ampliar seu mercado na América Latina, na Europa ou mesmo na Ásia. Mas isso exige planejamento, articulação diplomática e, acima de tudo, uma estratégia econômica clara.
Defendo que nós, administradores e líderes empresariais, precisamos estar atentos a esses movimentos globais. O mundo está cada vez mais interligado, e decisões tomadas a milhares de quilômetros podem, sim, impactar empresas, empregos e famílias.
Por isso, é fundamental investir em educação econômica, promover o pensamento estratégico e cobrar dos nossos governantes ações que protejam a competitividade brasileira sem cair em aventuras populistas ou isolacionistas.
A economia pode parecer um tema distante, mas ela está no centro de tudo: do preço do pão à saúde do seu negócio. E o tarifaço americano é mais uma prova de que, quando o mundo se movimenta, o Brasil precisa saber dançar conforme a música, sem perder o compasso. Pense nisso!
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Foto da Capa: Tania Rêgo / Agência Brasil