O Terrorista Arrependido é um tipo recente na historiografia brasileira. Antes, era um Terrorista Contumaz. Vivia postando frases conspiratórias no Telegram, palavras de ordem agressivas contra a democracia nas redes sociais, e entregando marmitas aos amotinados de porta de quartel.
Esse Terrorista Contumaz, sempre citando suas fontes confiáveis no Alto Comando das Forças Armadas, não durou muito. Desembocou no atual Terrorista Arrependido. O fato se deu após a prisão de alguns milhares de colegas seus no ato depredatório de Brasília do 8 de janeiro.
Dessa data em diante, o Terrorista Contumaz passou a ser o Terrorista Arrependido.
A passagem do estado psicótico anterior ao atual foi se dando através de posts em redes sociais. O ex-Terrorista Contumaz usava seu espaço para dizer algo nestes termos:
“As diferenças político-ideológicas jamais podem ser usadas para agredir nada, nem ninguém. Temos que buscar saídas que respeitem a sagrada democracia brasileira. Eu sempre batalhei pelo respeito às leis e às instituições, fosse atuando como profissional, ou como pessoa física. Assim, deploro, do fundo do meu coração, que sejam levantadas hipóteses exóticas relacionadas à minha participação nos bárbaros atos que assistimos recentemente – estarrecidos – na capital federal. Tenho certeza de que o estapafúrdio episódio será finalmente resolvido, e seus responsáveis punidos na forma da lei.”
A partir de tais postagens, o comportamento do Terrorista Arrependido virou o oposto de antes. De repente, se tornou um paladino do Estado do Direito. Um verdadeiro Mahatma Gandhi tropicalizado. Um paladino da lei, ordem, paz e concórdia entre todas as correntes de opinião partícipes da sociedade. Alguns, inclusive, se deixaram fotografar levando sopão a centros de triagem durante as madrugadas frias. Retirando animais abandonados das ruas. Ou mesmo abraçando indigentes embaixo de viadutos.
Muitos cristãos viram a mudança como positiva. Afinal, pelos seus mandamentos, o perdão vem antes de qualquer coisa. Para outros, no entanto, a nova fisionomia moral do Terrorista Arrependido não é senão medo de ir parar na Papuda. No fundo, junto à decepção pela fuga de seu Líder para a Disneyworld, a nova fachada traria um oportunismo de ocasião. A prova, afirmam os críticos do Terrorista Arrependido, é que basta conseguirem um passaporte italiano para retornarem às práticas do Terrorista Contumaz. Uma vez na Bota, imediatamente voltam a esfregar o coturno na cara das minorias ou de quem julgam inferiores.
Em termos estatísticos, o Brasil hoje é o país com o maior número de Terroristas Arrependidos do globo: são 58.206.354 de indivíduos. O inequívoco fato levará o atual, e os futuros governos, a tomarem providências urgentes. Entre elas, a construção emergencial de mega presídios. E a criação de um Supremo Tribunal Federal-B, que julgaria exclusivamente crimes perpetrados pelos radicais (compungidos?).
Uma terra cuja metade da população é extremista e vândala, ainda que arrependida, precisa atuar com muita energia, sabedoria e celeridade. Senão vira uma bomba.