Penúltimo dos grandes nomes do Pasquim a deixar o jornal – só perderia para o indemissível Jaguar –, Ziraldo manteve-se bem pessoal e profissionalmente depois de sair do Pasquim na primeira metade dos anos 80. Por ser talvez o menos jornalista entre os principais nomes do jornal – destacando-se muitos mais como cartunista, chargista, quadrinista, cartazista e artista gráfico –, Ziraldo pouco precisou depender do sempre oscilante mercado jornalístico. Seu talento e sua arte estavam estampados em revistas, capas de livros, coletâneas de exposições de artes plásticas, capas de discos, pôsteres, cartazes de peças e shows (especialmente os de Jô Soares). Aliado à sua capacidade de trabalho também merece destaque a sua onipresença. Fala bem, se envolve em polêmicas e tem presença garantida nos principais programas de entrevistas e talk-shows da TV brasileira. “O mundo nunca sofreu de uma escassez de Ziraldo”, definiu o conterrâneo Ruy Castro, ambos são de Caratinga, em seu livro Ela É Carioca. Hoje, 24 de outubro, Ziraldo completa 90 anos.
Na década de 80, pouco antes de romper com o Pasquim, Ziraldo havia publicado O Menino Maluquinho, curiosamente não pela Codecri. Um dos maiores sucessos da história do mercado editorial brasileiro, O Menino Maluquinho teria mais de 2 milhões de exemplares vendidos, além de adaptações para a TV, o cinema e um sem número de produtos.
Com um lápis (ou uma lapiseira, uma caneta, um pincel…) a mão, Ziraldo sempre foi imbatível. Expôs seus trabalhos em museus e galerias por todo o mundo. Só não repetiu o sucesso profissional quando se aventurou novamente com propostas jornalísticas. No final do século passado e no início do novo milênio, esteve envolvido com duas experiências que tentavam recuperar o espírito daquele velho Pasquim. Primeiro com Bundas e depois com Pasquim 21, Ziraldo buscou trazer de volta um jornalismo e um tipo de humor que já não tinham mais espaço nas publicações atuais.