Estamos em plena Copa do Mundo Feminina. Acordei às oito da manhã pra ver nossa seleção de futebol. Já havia assistido a duas outras partidas. Até ali, o time dos Estados Unidos era o que tinha apresentado a melhor performance.
Chamou a atenção nas estadunidenses o jogo pelas pontas, sobretudo pela direita, além da atuação individual da artilheira Sophia Smith . As mulheres jogam futebol desde criança, na escola, nos Estados Unidos, muito mais do que os homens, que preferem jogar basquete, beisebol, futebol americano.
O futebol, que eles chamam de soccer, masculino já está na sua segunda grande onda de popularização por lá. A primeira foi com a contratação do Pelé pelo Cosmos. Agora foi a vez de levarem o Messi. E por pouco não levaram o Suárez do Grêmio.
Mas, mesmo com Messi fazendo sua estreia pelo Inter Miami, a audiência da partida da seleção feminina na Copa, que aconteceu simultaneamente, foi muito maior. Segundo o levantamento da Sportico, empresa especializada em negócios esportivos, as garotas foram acompanhadas por 6,26 milhões de espectadores na vitória de 3 a 0 diante do Vietnã. Já os que preferiram ver o Messi foram 1,75 milhões.
Estava curioso para ver como se sairiam as nossas atletas. E já adianto que superaram a impressão positiva que tive da seleção dos Estados Unidos. Semelhante ao time da terra do Tio Sam, o nosso escrete tem velocidade, técnica e grande aplicação tática. Mas, com uma diferença: a técnica das nossas parece mais apurada. Não houve no jogo de estreia nenhum lance de desperdício de chance, principalmente nas finalizações, com um chute torto, longe da meta. Já as estadunidenses, embora tenham sido superiores à equipe adversária, erraram o alvo em alguns momentos, dentro da pequena área.
Também notei um avanço no jogo coletivo, tático dessa nossa seleção em relação às anteriores do Brasil. Parecem ter muito mais consciência do que fazer. Isso vale para quem está com a bola e para quem não está. Há o deslocamento constante para se colocar em posição para receber a pelota e já uma colega fazendo a mesma coisa.
É uma tática de futebol moderno. Com intensidade, marcação alta, troca rápida de passes. Essa consciência tática talvez tenha ajudado na tranquilidade para dar o passe certo, chutar a gol no melhor momento e com precisão.
O terceiro gol, da goleada de 4 a 0 sobre o Panamá, foi uma aula. A bola de pé em pé, com toques rápidos e extremamente técnicos, até o requinte de um passe para trás, de costas, pisando na bola, da artilheira com três gols na partida, Ary Borges, para a Bia encher o pé e mandar para o fundo das redes. É um lance para aqueles antigos narradores que acompanharam a seleção masculina desde os anos cinquenta, culminando com o tri em mil novecentos e setenta, dizerem: “Esse é o verdadeiro futebol brasileiro!” Só que, hoje, quem dá o show são as meninas.
Foto da Capa: CBF / Divulgação