Ocorreu no dia 20/02, na Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, reunião pública sobre a preparação da cidade para eventos climáticos, com a participação de órgãos públicos e movimentos sociais e ambientais.
Os integrantes das comunidades entendem que a cidade precisa crescer de forma sustentável, respeitando o meio ambiente, pois hoje a especulação imobiliária tem um poder excessivo nos destinos da capital. As árvores estão sendo apontadas como vilãs, quando na verdade são fundamentais para a qualidade de vida da população e o enfrentamento da crise climática.
A Secretaria de Meio Ambiente vem sendo sucateada nos últimos anos, reduzindo estrutura, perdendo funcionários que não são repostos, caindo a qualidade técnica do manejo da arborização urbana.
O déficit habitacional das camadas mais populares e a falta de regularização fundiária obrigam milhares de pessoas a viverem em áreas inapropriadas e de risco ambiental.
Falta um plano de contingência que possa dar conta dos eventos extremos que ocorrerão cada vez mais e em maior intensidade – é inaceitável que milhares de pessoas ficarem vários dias sem fornecimento de energia e água.
A deficiência de saneamento e na gestão de resíduos continua poluindo e assoreando os corpos d’água e obstruindo a canalização de esgotos, deteriorando a qualidade da água, provocando alagamentos e expandindo epidemias, como a dengue.
A defensoria pública cobra agilidade no ressarcimento de prejuízos causados pela falta de energia.
A defesa civil informou que há um plano de contingência que será revisto. A empresa de energia, a Equatorial, disse que utilizará, aos poucos, o cabo ecológico, um fio de luz que não causa curto-circuito e desligamento, e concorda da necessidade de se avançar na regularização fundiária. O Departamento Municipal de Habitação – DEMHAB relatou que está elaborando um plano de redução de riscos.
Enfim, os órgãos públicos dizem que estão fazendo tudo ao seu alcance, o que parece pouco para a cidadania, especialmente para aqueles mais afetados pelos eventos climáticos. O vereador Giovani Culau, presidente da comissão, instituiu um grupo de trabalho composto pelos órgãos do governo e representantes da sociedade civil que elaborará um relatório listando sugestões a serem encaminhadas à prefeitura e ao governo do estado.
*Paulo Renato Menezes é articulador do POA Inquieta Sustentável e Secretário Geral da Agapan.
Foto da Capa: Agência Brasil