Para os adultos mais velhos as redes sociais têm funcionado como um local de encontro, conversas, trocas de ideias, apreciação dos acontecimentos dos familiares, das vitórias dos netos e dos seus amigos. A pandemia que os manteve mais recolhidos em casa os obrigaram a experimentar novas formas de se comunicar e perderam o medo de utilizar seus smartphones para ao primeiro olhar ocupar o tempo, mas rapidamente transformar aquela pequena tela de 6 polegadas em uma “porta” para visitar um familiar ou uma janela para conhecer novos lugares.
A SeniorLab realiza um monitoramento da presença dos 60+ no Facebook desde o início da pandemia. Em 14 de março de 2020 eram 9,2 milhões de perfis 60+ ativos no Brasil e no dia 4 de julho de 2022 eram 13,3 milhões de perfis ativos. Os 60+ tiveram um crescimento na rede de 46% contra 21% do total da rede (todas as idades). Segundo a PNAD IBGE 4º trimestre de 2021, o Brasil tem quase 36 milhões de pessoas com 60 anos ou mais o que equivale a quase 16% da população. Considerando a quantidade de perfis únicos ativos com 60 anos ou mais, 37% do total desta população já está ativa na rede social. Dos 60+ no Rio Grande do Sul o porcentual de usuários ativos no Facebook chega a 42% da população.
Nossas observações identificaram as principais interações dos adultos mais velhos com a rede social. As motivações são as mais diversas, mas encontramos pontos em comum e listamos aqui:
- Acompanhar os familiares que estão distantes ou afastados por conta da Pandemia do novo Coronavírus
- Interação social com amigos e conhecidos através da tela
- Bisbilhotar, no melhor sentido, o que as pessoas que conhece estão fazendo
- Sentir-se incluídos tecnologicamente ao utilizarem a ferramenta
- Informar-se dos principais acontecimentos através dos links de notícias de veículos de imprensa
- Buscam opiniões ou recomendações de amigos para necessidades específicas como encontrar um bom encanador
- Fazem uso da rede para criticar serviços ou produtos com problemas
- Esperar o inusitado. A timeline do Facebook sempre busca uma surpresa para aumentar o tempo de permanência.
- A melhor parte são os ciclos de um ou mais anos onde o Facebook relembra alguma imagem ou postagem que foi importante.
As conversas pelo Whatsapp ou pelo celular não começam mais pelo “O que você tem feito?” e já entram objetivamente em alguma postagem realizada com tema familiar, link de notícia ou até reclamações a respeito de produtos ou serviços. Os intervalos do distanciamento foram preenchidos por uma espécie de diário. Encontramos situações de tanta sensibilidade entre as amizades nas redes sociais que dependendo do tema postado ou do que escreveu, as amigas percebem a tensão ou angústia e entendem que é hora de dar aquele telefonema para uma boa conversa e risadas. As redes sociais viraram uma espécie de termômetro do estado de espírito das pessoas. No quesito relações pessoais isto pode ser um precioso aliado.
Os temas que mais mobilizam são aqueles que ligam as pessoas a um determinado momento da vida. A foto desbotada da turma de formandos de 1975, algum acontecimento importante em que várias pessoas estavam juntas ou algum lugar popular, o resgate das boas lembranças é assunto que rende dias de comentários em uma postagem.
Os 60+ versão 2.0 já estão entre nós seja por necessidade ou curiosidade eles aproveitaram a pandemia para experimentar. É a hora da verdade para as marcas. Testando navegabilidade, aprovando algumas aplicações e desaprovando a maioria. Enfrentam soluções pouco intuitivas ou que não conversam com eles. Mesmo com a pandemia ainda entre nós, eles voltaram às ruas e a sua vida quase normal. Continuarão a utilizar soluções que facilitem de fato sua vida e que tenham uma UI60+ (user interface 60+) adequada. Meu recado às marcas e serviços: coloquem o olhar de Aging in Market o quanto antes nas suas soluções. Na visão da User Experience 60+, menos é muito mais.