O ano recém começou e novos livros já batem na porta de casa para meu entusiasmo e emoção. Vou iniciar falando de “VOZES Alvoradenses” (Editora Plena Voz/2023), que Cristina Ribeiro, autora de “Pela liberdade de nos construirmos negras” (Pubblicato Editora/2023), me deu de presente no início de janeiro. A coletânea que traz essas vozes foi organizada por ela. De repente, me vi diante de uma caminhada literária estimulante, forte e comunitária que, para além dos problemas sociais vividos por cada um dos escritores e escritoras no município de Alvorada, revela talentos que merecem toda a visibilidade possível. Na publicação, crônicas e poemas de trabalhadoras e trabalhadores de diversas origens, raça e religião, que acordam cedo para a labuta diária, convivem com as situações mais diversas, nem sempre acolhedoras, buscam viver em harmonia e encontraram na escrita uma maneira de se fazer ouvir. A antologia nasceu para semear a literatura, a paz, a união, a alegria, o bom debate e a boa leitura, fazendo essas vozes múltiplas ecoarem. São 13 autores que têm muito a dizer nessa manifestação contra o preconceito de qualquer natureza. Precisamos ler, ouvir, absorver.
“Preconceito. / Como vencê-lo? Como vencê-lo? / Amor… Educação… e a Cultura / Irão vencê-lo” – Cristina Ribeiro
“minha vida preta tem prazo de validade, / geralmente adulterado por uma sociedade racista. / E é por isso que meu grito revolto evoa: / Irmão! Viva! Lute! Resista! – Daniel Machado, poeta, compositor e ator
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As boas notícias sobre livros estão sempre chegando. No final da tarde do dia 12 de janeiro, em uma reunião na Pubblicato Editora, fiquei sabendo que um livro que nos leva para uma viagem inusitada, e que acompanhei a produção desde o início, finalmente está indo para a reta final. Até março saberemos mais sobre esta caminhada literária.
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Recebi também o convite para o lançamento do livro “Mil Folhas”, do jornalista Carlinhos Santos, com desenhos de Vivi Pasqual. O lançamento seria no dia 18 de janeiro, na Livraria Clareira, do querido amigo Flávio Ilha, mas foi cancelado por conta da falta de energia elétrica que deixou muitos bairros de Porto Alegre na escuridão por muito tempo. A nova data é 26 de janeiro, uma sexta-feira, às 19h.
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E enquanto este janeiro escaldante avança, continuo com a leitura de “A Casa da Mãe dos Homens”, de Ione Mattos (Editora Telha, Rio de Janeiro, 2023), socióloga e professora aposentada. O livro tem uma personagem com nanismo e estou curiosa pelo que a autora vai trazer. A contracapa traz uma instigante pergunta – “Qual o espaço dos sonhos pessoais em um mundo de desigualdades?”.
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Retomei também neste período a leitura de “O Livro dos Abraços”, de Eduardo Galeano (Coleção L&PM Pocket, 2005), que li já faz um bom tempo. Eu estava atrás de um pequeno texto do livro que fala de um menino que não conhecia o mar e o pai o levou para conhecer. Ao se deparar com aquela imensidão de água, o menino “ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: – Me ajuda a olhar!” – pedido de uma delicadeza singular que traduz o poder de um olhar compartilhado. Assim é o poder da arte que se espalha pelas nossas vidas. Ajuda-nos a perceber o que está em nós e para além de nós, o que conseguimos encarar sozinhos e o que precisamos dividir com outros olhares para ver, absorver e entender.
Foto da Capa: Acervo da Autora