O pensador Ken Wilber é considerado por alguns como o “Einstein da consciência”, pois em sua obra ele busca integrar o conhecimento gerado ao longo da história nas ciências, artes, filosofia e espiritualidade. Ele recorreu a Buda, Einstein, Freud, Goleman, Piaget, Aurobindo, Kegan e muitos outros para criar a “Teoria de Tudo”, na qual ele propõe uma visão integral que nos ajuda a ter uma melhor compreensão do ser humano e da realidade em que estamos inseridos. Compartilho aqui com você uma síntese feita por Ricardo Voltolini no Café Filosófico “Somos nossa identidade terrena”, em que ele apresenta os quatro níveis de consciência propostos por Ken Wilber.
O primeiro nível é formado pelos “Egocêntricos”, que são pessoas individualistas, preocupadas consigo mesmo. Podem ser identificadas pelas suas relações e comportamentos. Estas pessoas se caracterizam por não estabelecerem conexões com os outros e nem com a natureza, tampouco possuem empatia. No seu dia a dia, não possuem tempo para participar da reunião na escola dos filhos, nem para levar os filhos no parque ou para visitar os pais idosos. Se autointitulam como pessoas focadas nos seus objetivos, competitivas e eficientes no que fazem.
No segundo nível estão os “Etnocêntricos”, que enxergam e se preocupam com o outro, desde que o outro seja da sua família, da sua igreja ou da sua tribo. Estas pessoas não se emocionam com as mortes que ocorreram no tsunami no Japão, com o assassinato de George Floyd pelos policiais americanos, nem mesmo com as mortes pela COVID, desde que não tenha afetado pessoas próximas. Esses são problemas dos outros. Segundo Wilber, 70% da população mundial estão nesses dois níveis de consciência.
Os “Mundocêntricos” são os que, além das suas relações afetivas, se importam com todos demais seres humanos, independente da origem, nacionalidade ou ideologia. Desenvolvem empatia e solidariedade. Exemplos desse grupo são os “sem fronteiras”, os médicos, engenheiros, enfermeiros, psicólogos e outras profissões que se deslocam para o outro lado do mundo, ou para recantos distantes do Brasil, para ajudar pessoas que estão passando por necessidades extremas. Fazem parte também demais voluntários com causas, pessoas que militam em defesa de ideia que acreditam.
Por fim, os “Cosmocêntricos”, os que se preocupam com as pessoas, com recursos naturais, com as mudanças climáticas, com a biodiversidade e com as demais espécies. São pessoas espiritualizadas, que lutam pela preservação do Planeta e vivem em busca do autoconhecimento e da evolução da consciência. Citando exemplos de pessoas que possuíram esse nível de consciência: Gandhi, James Lovelock, Dom Paulo Evaristo Arns, Chico Mendes, entre outros.
Os líderes Cosmocêntricos são altruístas, solidários, justos, gostam de conversar com quem pensa diferente deles e de aprender com as experiências dos outros. Atualmente cresce o número de pessoas que fazem do ato da compra um ato político. Ou seja, comprar um produto ou serviço é uma forma de premiar uma marca com a qual elas se identificam. O consumo consciente está associado aos níveis de consciência dos Mundocêntricos e Cosmocêntricos. As empresas mais evoluídas estão buscando contratar pessoas desses dois últimos níveis.
Os níveis de consciência são apenas uma pequena parte da obra de Ken Wilber. Muitos dos seus livros já foram traduzidos para o português. Para Wilber, quase todos nós queremos as mesmas coisas (saúde, educação, segurança, infraestrutura), cada um defendendo essas coisas ao seu modo. As pessoas são diferentes porque possuem valores distintos e porque cada uma enxerga a realidade com as suas lentes. Ao manifestar seus valores, pode fazer isso de forma saudável ou doentia. Depois de ler Ken Wilber passamos a enxergar a vida com outros óculos. Fica a dica.
Referência: Café Filosófico – Somos nossa identidade terrena, com Ricardo Voltolini. Assista Aqui.