Sábado, 4 de fevereiro de 2023. O relógio está chegando perto das 18h30 e a temperatura já aliviou um pouco em Porto Alegre, agora rondando os 26 graus. Na Arena, no bairro Humaitá, o Grêmio está vencendo o Aimoré em jogo pela primeira fase do Campeonato Gaúcho com tranquilos 2 x 0. Quase 41 minutos do segundo tempo. E então vem o lance genial. O lance que é uma aula. O lance que deve nos inspirar. Em apenas sete segundos.
Não estou aqui escrevendo sobre a vitória gremista, 3 x 0 em cima do Aimoré. E nem sugerindo comparações entre o gremista Luis Suárez e o colorado Pedro Henrique, que, reconheço, são próprias do futebol, embora descabidas por uma série de razões. Quero discorrer sobre estes sete segundos, a partir de um lançamento equivocado de Thiago Santos – na verdade ele só afastou o perigo ao seu jeitão. O que fez Luis Suárez correr atrás daquela bola? O que motivou o uruguaio de 36 anos a persistir, num lance em que o zagueiro tinha domínio fácil, àquela altura do jogo?
É sobre isso que convido à reflexão! Com 2 x 0 de vantagem, Suárez já tinha deixado sua marca no placar, e o jogo estava dominado. E a bola fácil com o zagueiro Guilherme Lacerda. Sei lá o que Suárez pensou. Eu só sei que ele correu. Logo ele, já um milionário do futebol. Um consagrado, uma estrela mundial. No campeonatinho gaúcho, contra o Aimoré, em jogo de fase classificatória, num típico sábado escaldante do verão porto-alegrense. Correu. Trinta, talvez quarenta metros. Aos 41 minutos do segundo tempo. E aos 36 anos. Correu. Já estava 2 x 0. E Suárez correu. Foi ajudado pelo erro do adversário ou será que ele provocou o erro do adversário? É isso! A velha frase, que muitos creditam a Pablo Picasso de que “quando a sorte bate à porta da minha casa encontra-me trabalhando”.
E depois de correr, depois de acreditar, depois de correr mais, Suárez atingiu o objetivo. Tomou posse da bola e, como se diz no futebol, num chute com o lado externo do pé, fez o gol. Decidiu alguma coisa? Nada. E é justamente isso que impressiona. O gol não decidiu nada. Mas nos mostrou algo precioso.
O exemplo de Suárez é contagiante. Uma aula em sete segundos!
Reparem: numa fase classificatória de torneio regional, quase municipal, convenhamos. E o jogo já encaminhado. Fosse no Camp Nou, num badalado clássico Barça x Real Madrid eu até entenderia. Mas aqui, debaixo dos nossos olhos, num (desculpem os fãs do Gauchão) joguinho deste nosso torneio-início?!?! Muitos jogadores profissionais precisam tirar lições destes sete segundos que Luisito proporcionou. Mas também quem não ganha a vida correndo atrás de uma bola merece refletir: o que fez Suárez correr naquele lance?
O espírito competitivo. Esta é a minha resposta. Mas talvez nem seja a resposta certa.