O coletivo POA Inquieta foi um dos convidados a participar da Sler desde antes dele entrar no ar. E, por trás dessa operação, para obter textos, contatar diferentes autores, de dar visibilidade a assuntos que boa parte das vezes não são destaque na mídia convencional, estava eu. Como a vida, aliás tudo, é feito de fases, venho hoje nesse precioso espaço informar que a partir da próxima coluna, estou passando o bastão para o André Furtado da Rocha.
O André é articulador do POA Inquieta, também é jornalista. Ele vem atuando em outras pontas do coletivo, principalmente na organização e produção dos encontros para preparação e também na execução das edições do Congresso Popular de Educação para a Cidadania. O nosso grupo é biodiverso. Tem gente de distintas cores e texturas diversas.
Antes de mais nada, quero agradecer esta oportunidade. Se hoje sou colunista da Sler (uma das mais lidas, para minha alegria) e conheci tanta gente bacana, devo isso ao POA Inquieta. O grupo é muito diferente do que já rolou por esses pagos. Talvez por isso, muita gente estranhe e não compreenda como até hoje, depois de mais de cinco anos de existência, ainda se mantenha na ativa.
Muita gente entrou, saiu, a maior parte nem interage. Passamos por uma pandemia, todos correm atrás de trabalho, dos seus objetivos, mas há denominadores em comum que nos unem. E o que está em nosso alcance para melhorar a qualidade de vida em Porto Alegre é o nosso ponto em comum. Ah, o respeito e a tolerância e o esforço para a escuta ativa, também. Esses dias um conhecido me disse que eu merecia um troféu por aguentar a tamanha profusão de postagens e de nuances distintas nos grupos de zap que eu articulo.
E articular exige musculatura emocional. Por isso, aproveito este momento para contar que estou passando para uma nova fase da minha vida: estou virando uma página, ou melhor, abrindo um novo capítulo da minha história. Iniciei o mestrado em Comunicação, vou pesquisar sobre os processos de comunicação na prevenção e no atendimento à desastres climáticos, e estou assumindo novos compromissos profissionais. Não sei se todos sabem, mas toda atenção, energia, entrega é voluntária no POA Inquieta. E o trabalho de bastidores é intenso. Trocar mensagens, passar contatos, fazer conexões exige muito mais do que se possa imaginar.
Como venho estudando – fiz uma pós-graduação sobre funcionamento de grupos na Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos (SBDG) -, acho importante vivenciar, praticar jeitos diferentes de fazer as coisas acontecerem. Há muito tempo já me dei conta de que a única forma de melhorarmos o que nos cerca é agirmos em grupos, em coletivos, atuarmos em colaboração. Só que pra isso, a condição essencial é estar aberto ao autoconhecimento. Ter consciência de que se o outro age de uma forma da qual não gostamos, é uma característica dele. Geralmente, não é por nossa causa (isso é bem complexo).
No POA Inquieta, um dos maiores desafios é justamente aceitar o modus operandi de pessoas que, na maior parte das vezes, nem conhecemos direito. Ou se, acabamos conhecendo, precisamos aprender como lidar. Como já disse, uma vez, acho que aqui na Sler mesmo, o POA Inquieta é um saco de gatos. Só que com seu jeitinho e com pessoas que vem trazendo formas diferentes de fazer as coisas acontecerem, coisas impensáveis estão sendo viabilizadas. Muitos caminhos estão sendo pavimentados. E o reconhecimento disso, em uma cidade permeada por polaridades, depende das lentes de quem enxerga o que está acontecendo, principalmente a passos de tartaruga, como diz o Santiago Uribe.
Para quem mergulha nos espaços, seja em rodas de conversa ou em grupos de zap, há diferentes configurações de campos. Ora pode virar um ringue, onde se pode até dar a outra face para ser batida; ora pode acabar com um profundo silencio, uma ausência doída, que para quem saca um pouco do contexto do indizível ou do invisível, como queiram, berra, grita e inviabiliza que várias ideias se transforem em projetos.
Eu conheci tantas realidades, tantas pessoas, empresas, organizações diferentes, que se não fosse pelo POA Inquieta, nunca teria encontrado. Estou escrevendo tudo isso para dizer que durante esse tempo em que tenho atuado como articuladora e como curadora/editora/produtora desse espaço aprendi muitas coisas que talvez nenhuma cifra compre.
Por tudo isso e mais um pouco, peço aos queridos leitores e leitoras desse espaço que continuem colaborando. Acionem o André, passem para ele suas contribuições. Esse ano eleitoral precisa de espaços com boas propostas para um debate que transcenda o que está por trás do que vem a ser melhor para todos nos diferentes ecossistemas da cidade.
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Foto da Capa: 2° Congresso Popular de Educação para a Cidadania | André Furtado