O bônus demográfico acontece quando a quantidade de novos profissionais que ingressam no mercado de trabalho é superior à que deixa. Quando positivo, ele aumenta o ritmo do crescimento econômico e custeia a aposentadoria dos mais velhos.
Segundo dados do IBGE, desde 2018 o Brasil opera sem o bônus demográfico. De acordo com os técnicos, o envelhecimento populacional, combinado com a redução de novos profissionais no mercado, impõe restrições severas ao crescimento econômico nacional. Resumindo, deixamos de ser uma economia jovem e nos tornamos uma economia prateada.
Economicamente falando, o Brasil deixou de aproveitar o bônus demográfico para enriquecer. Exemplo disto são os estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Estas unidades da federação, que antigamente eram exemplos de economias pujantes, inverteram suas pirâmides etárias, mergulhadas em dificuldades estruturais, entre elas a defasagem de aprendizado, o aumento da desigualdade social e da violência, com as populações lutando bravamente para reverter os índices negativos de crescimento econômico.
Vivemos um momento repleto de contradições. De um lado temos menos jovens ingressando no mercado de trabalho, por outro lado temos uma população madura e ativa que busca recolocação no mercado e encontra as portas fechadas. Ao mesmo tempo em que o crescimento econômico depende de um aumento na força de trabalho, vemos uma parte da população ativa ser jogada no limbo funcional por ter ultrapassado a barreira dos 50 anos.
Assim podemos deduzir que a resposta para a crise se encontra na mudança de perfil profissional que as empresas buscam para compor suas equipes. Atualmente, apostar no candidato maduro representa bem mais do que dar eco ao movimento crescente de ressignificação da maturidade, esta opção poderá, nos próximos anos, aumentar a produção, a renda per capta e a circulação de bens e serviços na economia, reduzindo a pressão nas contas públicas.
O crescimento econômico a médio e longo prazo do Brasil está atrelado ao binômio aumento do número de trabalhadores ativos e investimentos para o aumento da produtividade do trabalhador. Assim, se o Brasil deixou de contar com a força do bônus demográfico, precisa ser criativo e agir rápido para reverter o cenário atual, visto que a reforma da previdência e a flexibilização das leis trabalhistas se mostraram insuficientes para a revitalização da economia, deixando uma questão a ser respondida:
Coletivos como o POA Inquieta ajudam a gerar crescimento econômico e social na era de economia prateada sem a força do bônus demográfico?
Coletivos como o POA Inquieta ressignificam o valor do conhecimento 50+, pois criam um movimento sinérgico entre as gerações que se unem para construir soluções criativas e associativas para os problemas das Cidade. Isso contribui para reinserção da mão de obra 50+, o que a médio e longo prazos, ajudará na valorização dos saberes e da força de trabalho dos maduros, impulsionando o desenvolvimento social pelo aprimoramento do trabalho e seus resultados, nas comunidades. O resultado será o aumento da renda e do consumo, consolidando soluções “locais” consistentes, capazes de furar a bolha corporativa que ainda resiste em utilizar a força do trabalho dos maduros.
Glória Yacoub é economista, professora universitária e articuladora do POA Inquieta.
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