Começo este texto parafraseando o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, que também é compositor, dizendo “Porto Alegre me dói, não diga a ninguém …”. Me dói ver a cidade com containers lotados e danificados espalhados pelas ruas, a orla do Guaíba com resíduos de toda sorte espalhados, jogados pela população que utiliza aquele equipamento especialmente aos finais de semana. Um problema que é tão debatido constantemente no spin POA Inquieta/Resíduos (espaço de articulação de pessoas de diversos segmentos da sociedade, que se organiza de forma ativa e coletiva objetivando a transformação local, neste caso os resíduos), do qual faço parte. E o tema Educação Ambiental sempre se torna pauta de ações.
Quando abordamos o tema Educação Ambiental, nos remetemos a definição de que “são processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.”
A Educação Ambiental, no âmbito escolar, deve contemplar muito mais que a separação dos resíduos e implementação de hortas através da compostagem. Necessitamos que as crianças e adolescentes compreendam a importância da preservação do planeta e que entendam que se trata de uma questão da sobrevivência da humanidade.
No modo capitalista que comanda a sociedade global, não utilizamos os recursos naturais apenas para a sobrevivência, mas para acumular riqueza e gerar lucro. Por isso, se quisermos produzir transformações efetivas, precisamos levar a educação às escolas para construirmos um novo de tipo de consciência cidadã. O sociólogo Aloísio Ruscheinsky nos adverte que a educação ambiental deve partir das representações sociais de todas as pessoas envolvidas no processo educativo.
Nesse sentido, essa intervenção por meio das escolas deve focar nas questões ambientais e seus impactos no dia a dia, mas também ir muito além. A mudança verdadeira ocorrerá com a quebra de paradigmas, com a elaboração de conceitos que ultrapassem a questão da natureza e avancem na direção da redefinição de que sociedade e que futuro queremos construir, com mais respeito ao planeta que vivemos e cientes dos deveres e direitos de cada um e de cada nação.
As gerações que comandam o mundo hoje têm o dever de adotar medidas emergenciais para as urgentes questões climáticas, mas apostar na formação de uma nova geração de cidadãs e cidadãos mais críticos e mais conscientes é que nos levará a garantir o futuro da civilização. E isso só pode começar pelas escolas.
*Simone Pinheiro é assistente social, pós-graduada em Saúde do Trabalhador (UFRGS) e Mestre em Ciências Sociais (UNISINOS)
Foto da Capa: Mikhail Nilov /Pexels