Esta semana, para escrever a coluna, eu lancei uma iniciativa no meu insta: uma votação em temas que a minha audiência poderia se envolver escolhendo o tema deste texto. Coloquei uma caixinha para votação com 4 temas, entre eles: por que furar a bolha é uma habilidade de futuro? Vou confessar que me surpreendeu a escolha em meio a tantos temas quentes como a treta do Neymar, da PEC e o bate-boca com a Piovani, as inúmeras iniciativas de voluntariado em Porto Alegre e o caso da menina gigante defendendo sua mãe de injúria racial.
Mas também entendo que diante do momento que estamos vivendo a ideia de futuros e caminhos para seguir, seja uma preocupação, em meio as narrativas de evolução da IA, transformação do futuro do trabalho e o cenário emergente de caos climático. São muitas variáveis que nos deixam ansiosos pelo futuro e como se preparar com algum recurso para ele (que na realidade estamos construindo a cada minuto da nossa vida).
No campo do futuro do trabalho, que vem sendo explorado há bastante tempo, entram em cena mudanças importantes como o foco nas habilidades. Segundo post de Edu Valadares, no LinkedIn, fundador da EDU VLLD, as habilidades são as novas profissões. Segundo ele, cada vez mais muitas organizações – Mckinsey & Company, Harvard Business Review, Fortune, World Economic Fórum – apontam que precisamos rapidamente de uma mudança baseada em abordagem em torno de habilidades, ao invés de contratação por diplomas/currículos. E ainda ele provoca se conhecemos nossas habilidades?
Mas vamos começar decifrando esta história. O que são habilidades? E quais são as características apontadas como habilidades para o futuro do trabalho, das organizações e da própria vida?
Segundo o Fórum Econômico Mundial estas são as 15 habilidades para o futuro do trabalho e da vida em sociedade:
1. Flexibilidade cognitiva: ampliar os horizontes, trabalhar com criatividade, visão crítica e pensamento crítico, e estar disposto a sair da zona de conforto.
2. Negociação: Desenvolver técnicas de negociação, administração de conflitos e mediação de acordos entre partes, e entender interesses de todos os lados.
3. Orientação para servir: dominar meios de ajudar a solucionar problemas e ajudar os outros, especialmente em um mundo cada vez mais online.
4. Julgamento e tomada de decisões: Filtrar informações importantes e tomar decisões certas com base nelas.
5. Inteligência emocional: dominar soft skills e lidar com sentimentos e responsabilidade social, ética e saúde mental.
6. Coordenação com os outros: lidar com diferenças e trabalhar em equipe, valorizando o outro e diferentes culturas e comportamentos.
7. Gestão de pessoas: gerir pessoas levando em conta todos os pontos discutidos até agora.
8. Pensamento analítico e inovação: identificar e resolver problemas de forma lógica, usando dados para tomar decisões e inovar de forma inteligente.
9. Aprendizado ativo e estratégias de aprendizado: aprender de forma independente e direcionar estratégias de forma assertiva.
10. Resolução de problemas complexos: avaliar prioridades e concentrar-se em problemas mais complexos e urgentes.
11. Criatividade, originalidade e iniciativa: ser capaz de gerar ideias novas e inovadoras.
12. Liderança e influência: liderar e motivar outros em equipe.
13. Uso, monitoramento e controle de tecnologia: conhecer e utilizar tecnologias como big data, cloud computing e e-commerce.
14. Design de tecnologia e programação: desenvolver habilidades em tecnologia e programação.
15. Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade: ser capaz de se adaptar às mudanças e lidar com o estresse.
Diante destas habilidades, vem a minha provocação: para desenvolvê-las é preciso furar a bolha, se colocar em situações que não são as usuais e se estimular a um processo de aprendabilidade constante. Vamos aos exemplos: como ter criatividade, originalidade e iniciativa se não se expor a contextos diferentes? Como trabalhar com pessoas e ter orientação ao servir se não desconfigurar preconceitos e julgamentos? Como gerar soluções para problemas complexos se não tiver contato com os problemas?
O futuro está se apresentando com muito mais perguntas e desafios do que com repostas, pois mesmo com o endeusamento da IA, ela irá aprender com nós humanos.
Furar a bolha foi o que tivemos que fazer aqui em Porto Alegre, a fórceps, quando a água não entrou apenas nas áreas relegadas à pobreza, mas invadiu a classe média e rica da cidade, trazendo à tona novas (e velhas) conversas sobre emergência climática. Voluntariado civil organizado, gestão pública, tecnologias a favor das pessoas, vulnerabilidade: o que fazer agora a partir de tudo isto, não só para reconstruir, mas para ter uma gestão de emergência climática? Nos últimos dias cada porto-alegrense teve que furar a bolha e olhar nos olhos dos outros. E o que faremos com isto? Os próximos dias e meses dirão.
Foto da Capa: Acervo da autora.
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