Ninguém tem dúvida que 2020, dentro de pouquíssimo tempo, já constará nos livros escolares como um ano histórico – a exemplo de 1914, 1929, 1939 e 1989, entre outros, que de alguma forma marcaram para sempre a vida da população global.
Mas não são somente tragédias e pandemias que assinalam a história da humanidade. Com a devida permissão para ser um pouquinho egoísta e limitar-me àquele que é nosso universo profissional – e razão de ser deste MKT Esportivo -, 2020 também marcou o aniversário “redondo” (com o perdão do trocadilho) de dois gigantes do futebol: os 80 anos do Rei Pelé e os 60 do argentino Diego “Dios” Armando Maradona.
Pelé e Maradona tiverem suas histórias e façanhas comentadas, mostradas e relembradas de forma bastante intensa, como não poderia deixar de ser. Mas o que destaco de mais importante de ambas as celebrações é a importância do resgate desses ídolos sobretudo para as novas gerações, que não tiveram o privilégio de vê-los em ação.
Nos últimos 65 anos, a contar do surgimento de Pelé, essas duas lendas foram imprescindíveis para a expansão e a consolidação do futebol como esporte mais popular do planeta. Evidentemente, inúmeros outros ícones da modalidade tiveram importância incontestável nesse processo – tanto antes quanto durante e depois deles. Mas é inegável que o papel desempenhado pelos dois sul-americanos foi crucial (e intransferível) em termos de impacto global: cada um à sua medida e à sua maneira, Pelé e Maradona encarnam aquilo que costumamos carinhosamente chamar de “monstros sagrados”.
Um atleta é alçado à categoria de “monstro” quando flerta com a perfeição – que, sabemos, não existe em sentido lato, mas é objetivo no sentido estrito. E, mesmo depois de aposentado, continua cultuado como mito, referência, meta a ser atingida pelos mortais das novas gerações. Inclusive fora das quatro linhas.
Mesmo quando ninguém ainda falava em Marketing Esportivo – não pelo menos nesses termos -, Edson e Diego transformaram-se em dois produtos de valor imensurável. E assim o são até hoje (ainda que, registre-se, sejam-no enquanto pessoas jurídicas, pois como pessoas físicas ambos são falivelmente humanos e já tenham dado inúmeras provas disso).
As limitações de décadas passadas não foram empecilho para que Pelé e Maradona chegassem aonde chegaram.
Imagine você, jovem leitor(a) que já nasceu sob a égide da comunicação móvel, que Pelé surgiu numa época em que a televisão tinha chegado ao Brasil havia poucos anos. Maradona, por sua vez, não teve o privilégio de ter seus belíssimos gols de placa postados em redes sociais logo após tê-los marcado. E mesmo assim, ambos conseguiram explorar suas imagens, comercial e globalmente, em todos os cantos do globo.
O Rei do Futebol foi o primeiro atleta do Brasil a emprestar seu prestígio a inúmeras marcas nacionais e internacionais. E, durante todos esses anos, vendeu de tudo: roupa masculina, refrigerante, cartão de credito, café, material esportivo, companhias aéreas e mais um mundo de produtos e serviços.
Maradona não ficou tão atrás. Especialmente depois que se transferiu para o futebol italiano, onde arrebentou no Napoli e transformou-se numa desejada marca internacional (é fato que o argentino já havia se destacado pelo Barcelona, mas a consagração numa equipe, indiscutivelmente, deu-se na Bota). Com as atenções da mídia esportiva mundial todas voltadas para sua genialidade – numa época em que os direitos de transmissão internacional já eram comercializados com perenidade -, não foi difícil para El Diez se tornar uma excelente oportunidade de negócio, apesar da personalidade controvertida (sua marca registrada) e das muitas confusões nas quais se meteu.
Pelé e Maradona até hoje são pauta do noticiário. E, com o advento das redes sociais, neste século, tornaram-se “acessíveis” a todas as gerações de apaixonados por futebol. Com o devido suporte de estafes altamente especializados, claro, ambos possuem na web a mesma e invejável desenvoltura dos tempos de atleta, quando encantavam multidões.
Sim, Pelé e Maradona são duas instituições que continuam atraindo milhões de fãs mundo afora. Figuras que se perpetuam e que jamais serão esquecidas, por tudo o que construíram no esporte e fora dele – em âmbito social e comercial, inclusive. Como comentou o próprio Rei do Futebol, certa vez: “O Pelé será eterno, mas o cidadão Edson um dia terá sua finitude”. E isso, claro, não vale apenas para Nossa Majestade, mas também para Maradona e para todos os(as) outros(as) gigantes que sugiram com eles e depois deles – inclusive, claro, nomes como Messi, Cristiano Ronaldo e a Rainha Marta, todos já no panteão dos heróis e heroínas do futebol.
Ídolos são para sempre. E, pela magnitude de suas marcas – compreendendo “marca”, aqui, tanto como feito desportivo quanto como representação comercial -, são um dos mais importantes pilares de uma bem-sucedida estratégia de comunicação, marketing e negócios.
A nós, profissionais do segmento, cabe a inteligência e o cuidado na exploração desse ativo; a eles(as), enquanto pessoas físicas imperfeitas, cabe a difícil missão de zelar pela pessoa jurídica irretocável e inspiradora que construíram (ou almejam construir) durante a carreira.