Quando escrevi meus primeiros textos aqui na SLER, as cidades portuguesas ocupavam quatro das dez melhores posições no ranking de destinos para os nômades digitais, segundo o site NomadList. Passado apenas um ano, são apenas duas entre as dez primeiras colocações.
Em uma pesquisa totalmente empírica – no melhor estilo meu artigo minhas regras – vaticino que Portugal está deixando de ser uma “unanimidade” para quem busca qualidade de vida para trabalhar remotamente. Preços altos e falta de paciência com os estrangeiros são – a meu ver, reforço – os principais motivadores deste rompimento.
Mesmo ainda sendo o país com mais cidades na lista, a principal diferença são os comentários dos usuários do NomadList, que ordena as cidades de acordo com as notas dadas pelos próprios nômades. A principal reclamação? O custo para morar em terras lusas. Veja aqui neste link.
Não é surpresa para ninguém a rápida elevação do custo de vida em Portugal. Mesmo que a comparação com outros países europeus ainda seja vantajosa, foi-se o tempo em que era muito mais barato tomar uma imperial (tulipa de cerveja) ou um cafezinho em Lisboa do que em Amsterdã, por exemplo.
Além disso, há pouca disponibilidade de lugares para alugar por temporadas e, quando se consegue encontrar algo, os valores são exorbitantes. E não pense que estou falando apenas de Lisboa e do Porto, destinos sempre muito interessantes por agregar uma noite mais agitada à todas as outras atratividades de Portugal. Posso afirmar o mesmo das cidades do Algarve, das praias de surf entre Ericeira e Nazaré, da Madeira e do arquipélago dos Açores.
E isso tudo é obra do turismo. Em 2022, Portugal foi eleito pela 5ª vez nos últimos seis anos o melhor destino da Europa pelo World Travel Awards, um dos principais prêmios do setor de turismo. Parece que todo mundo quer vir para cá. Só para se ter uma ideia, em Lisboa são oito visitantes por ano para cada residente.
É claro que o turismo é imprescindível para a frágil economia nacional, mas o excesso de viajantes está mexendo com a “paciência” das pessoas locais. Esse é um fator novo e bastante impactante para os nômades, devido ao interesse em imergir na cultura e não apenas dar “check” em pontos turísticos.
Segundo Gustavo Hall, presidente da Digital Nomad Association Portugal, “Lisboa já não oferece mais a mesma qualidade que oferecia devido ao excesso de turismo”. Sofre a cidade, sofrem os residentes e, agora, sofrem os nômades digitais.
Mesmo assim, vale registrar que, depois de ter parado na 13ª colocação e apesar dos pontos negativos, Lisboa voltou a ocupar a 2ª posição do ranking NomadList. Em 27 de junho, data em que estou escrevendo este texto, o ranking tinha os seguintes destinos portugueses entre os 50 primeiros:
. Madeira (3º)
. Porto (21º)
. Portimão, Algarve (31º)
. Lagos, Algarve (35º)
. Ericeira (41º)
Para termos uma ideia, Florianópolis é a cidade brasileira mais bem avaliada e está em 68º. Porto Alegre vem a seguir, na 94ª posição.
Agora, vamos ver como este ranking estará ao final do verão europeu.