Já tive mais envolvimento emocional com a Copa do Mundo de Futebol. Esperava começar o torneio com a mesma ansiedade que aguardava o início de um Gre-Nal. E olha que isso era lá quando o Grêmio, meu time, perdia para o Inter do Falcão e outros craques. A Seleção Brasileira também perdia. Mas acompanhava tanto o tricolor quanto a canarinho com bastante atenção.
Pelo Grêmio não perdi o interesse e sigo como assinante do paper view vendo o time no campeonato gaúcho, na série A, B, na Copa do Brasil, na Libertadores, na alegria e na tristeza. Já da Seleção fui cada vez mais me distanciando. Talvez o motivo principal seja pelo pouco envolvimento com os jogadores convocados. A maioria deles joga fora do Brasil.
Não curto muito esse culto aos campeonatos europeus. Se o Grêmio jogasse na Europa, acompanharia. Afinal, gosto mesmo é de ver o Grêmio e, por tabela, vejo quem joga contra ele.
Fiquei de cara quando o Tite não levou o Luan em 2018, no auge do seu futebol, sendo eleito o melhor jogador da América. A alegação era de que no esquema não tinha lugar para a função que o Luan desempenhava no Grêmio. Ora, Luan desempenhou mais de uma função, como meia armador, como segundo atacante e como centroavante.
Zagalo foi campeão em 1970 justamente por ajeitar um lugar para cada craque. O esquema foi adequado para não desperdiçar os talentos todos que tinha à disposição daquela geração ímpar.
O caso de abrir mão de um dos melhores jogadores em atividade no Brasil se repetiu agora com Gabigol. Falam de problemas de relacionamento com Neymar. Para mim, os dois casos soam como desprezo ao futebol jogado no Brasil. Parece pesar mais para a convocação jogar em qualquer país europeu, mesmo naqueles que não estão no topo do ranking.
Assisti desta Copa que começou a um compacto da vitória da Inglaterra, com goleada de seis a dois contra o Irã e também ao jogo Canadá e Bélgica. O que tem em comum entre as seleções do Canadá e da Inglaterra é que ambas têm atacantes jovens e velozes. Mas o que diferencia uma da outra é que o time do Canadá parece confundir velocidade com pressa.
O futebol moderno, fruto em parte dos avanços da preparação física e também da fisiologia e da medicina esportiva, tem um alto potencial atlético. Usa-se o termo intensidade para definir um tipo de postura em campo que bota todo mundo a desempenhar funções de marcação, de troca de posições, de ocupação dos espaços.
No entanto, há um limite entre correr e jogar. Fazer movimentos precisos em alta velocidade é tarefa difícil. Um dos grandes trunfos do futebol brasileiro foi sempre parar a bola, desmontando a correria das seleções adversárias.
Hora de correr, correr; hora de cadenciar, cadenciar; hora de esperar um meio segundo para olhar onde está o goleiro e chutar tirando do seu alcance; hora de levantar a cabeça e enxergar um companheiro melhor colocado. Enfim, o nome do filme do Spike Lee vale perfeitamente como um lema para jogar futebol: Faça a coisa certa.