Imagine um dia em que as luzes se apagam, as telas escurecem, celulares silenciam, computadores deixam de funcionar e, no escuro, você terá que seguir a vida. Filme de terror? Não! Algo parecido ocorreu no último dia 28 de abril por ocasião de um dos maiores colapsos do sistema energético europeu, deixando Portugal, Espanha e regiões da França, Alemanha, Marrocos, Finlândia, Itália e outros países às escuras por várias horas. No meio do caos, surgiram histórias de vizinhos conversando na rua, estranhos compartilhando lanternas e famílias reunidas à luz de velas. Quando o mundo digital desliga, o “mundo antigo” renasce e mostra toda a nossa fragilidade, mas também a capacidade de nos adaptarmos. Enquanto alguns corriam aos supermercados, outros descobriam a arte da conversa e da solidariedade.
Quando a energia some, o que sobra? Metrôs parados, elevadores travados, sem internet, sem cartões de crédito, fogões elétricos que não funcionam. As pessoas não precisavam mais ter pressa.
E não foi só na Europa. Brasil, EUA e Canadá também já sentiram na pele o que é viver um blecaute. Em 2024, São Paulo parou. Em 2023, 25 estados brasileiros e o Distrito Federal ficaram no escuro. Tomando apenas os últimos anos — como 2018, 2015, 2013 e 2010 — registraram eventos semelhantes. A pergunta que fica é: estamos preparados para quando a luz faltar de novo?
Em 2023, a Comissão Europeia recomendou que cada cidadão estivesse preparado para até 72 horas de isolamento. Um kit básico que inclui comida, água, remédios, lanternas, rádio e dinheiro em espécie. Isso pode fazer a diferença entre o pânico e a tranquilidade. Será que ainda sabemos viver sem Wi-Fi, sem delivery e sem distrações digitais?
O apagão europeu mostrou que, quando a tecnologia falha, o instinto humano prevalece. Pessoas se ajudam, histórias são compartilhadas, comunidades se fortalecem, assim como foi na experiência das enchentes no Rio Grande do Sul. Talvez a verdadeira lição não seja só “como sobreviver a um blecaute”, mas “como reaprender a viver nele”.
O seu “kit humano” está pronto? Além das velas, pilhas e lanternas, que tal estocar paciência, solidariedade e criatividade? Um fogareiro resolve o jantar, mas um sorriso de um desconhecido aquece a alma. Dinheiro em espécie ajuda no mercado, mas o que vale mesmo é a conexão que não depende de bateria.
A lição desses incidentes é clara: devemos nos antecipar aos eventos extremos e nos prepararmos para suprir nossas necessidades por, ao menos, 72 horas. Não é nada complicado. Podemos começar a treinar nosso “modo off-line”, porque, no fim das contas, a melhor energia vem das pessoas. E se um dia faltar luz de novo, que seja para nos lembrar: no escuro, nos encontramos. E, claro, tenha o seu kit de emergência. Mas não esqueça de incluir nele um pouco de humanidade.
Referências:
- Veja: O que pode ter causado o apagão na Europa?
- Forbes: Apagão na Europa: O que Já Foi Descartado e o que Está Sendo Investigado?
- Infomoney: Apagão reforça kit de sobrevivência da UE: só quem tinha dinheiro vivo pôde comprar
- Nord Investimentos: Apagão no Brasil: maiores blecautes e suas causas
- Forbes: Apagões Tornam-se Frequentes e Colocam Países em Alerta; o Brasil Corre Risco?
Todos os textos de Luis Felipe Nascimento estão AQUI.
Foto da Capa: Gerada por IA.