Vamos falar a verdade: estamos numa espécie de segunda divisão do futebol mundial. Isso não deve causar vergonha, mas a realidade é esta. O futebol brasileiro está longe de ser protagonista. Não temos os melhores jogadores, nem os melhores técnicos e, portanto, não temos os melhores clubes. Entramos numa rota de declínio impressionante e escancarado. Nos abraçamos em veteranos que rodam o mundo e que, quando desembarcam aqui para um último contrato, ainda conseguem fazer a diferença. Por quê? Porque nossa qualidade despencou.
Antes referência, o Brasil tornou-se um figurante do futebol, quando comparado com alguns países europeus. Talvez leve mais 15 anos para que tenhamos chances de ganhar uma Copa, consequência também de um futebol desorganizado, mal dirigido, e com escassez de talentos. Tudo bem que em termos sul-americanos ainda tenhamos êxito. Também porque os clubes argentinos enfrentam uma dura realidade econômica. Mas é só isso. Estamos com dificuldades até para chegar na decisão dos mundiais de clubes. Até nossa seleção naufragou na Copa enquanto os hermanos levaram o caneco.
Observem que há veteranos que chegam aqui e ainda sobram dentro de campo. Hulk voltou ao Brasil com 35 anos e, quando o time estava organizado, fez a diferença no Atlético Mineiro. Agora, nós gaúchos, estamos vendo Luisito Suárez, aos 36 anos, fazer chover com a camisa do Grêmio. Então funciona assim: quem ainda é competitivo lá fora pode apostar que chega aqui e joga. Porque nosso nível despencou. Os caras não servem mais para os gigantes de lá. E, mesmo no final da carreira, ainda conseguem jogar aqui porque vieram de outro nível de competição. Estavam acostumados a um nível superior de exigência. Por isso, aqui voam!
Nem treinadores temos mais com tanta relevância. E por isso nos obrigamos a importar português, argentinos, uruguaios – o que, aliás, acho interessante e saudável. O momento do futebol brasileiro é tão questionável que eu apoio a busca de um treinador estrangeiro para comandar a seleção. Ele só precisa ter uma credencial: ser competente. A partir daí pouco me interessa onde nasceu. Nem o técnico que esteve à frente da Seleção Brasileira em duas Copas consegue um convite de trabalho decente. Tite está esperando sentado o chamado de algum grande clube europeu. E seus colegas de profissão, os demais treinadores brasileiros, raramente são convidados para atuar fora do País.
Reflitam comigo: quantos jogadores brasileiros são efetivamente protagonistas em grandes clubes europeus? Como já foram, por exemplo, Ronaldo, Ronaldinho, Romário, Roberto Carlos? Quantos? Neymar? Olha, com muita benevolência pode ser, embora, de fato, divida o posto com Mbappé e Messi. Mas vá lá…não sejamos tão ácidos. Vini Júnior no Real Madrid? Está caminhando para isso, mas ainda não é O Cara do time. E? Achou mais algum? Não temos protagonistas!
Portanto, não temos grandes treinadores, não temos grandes jogadores, e quem chega de fora e tem capacidade se destacar aqui. O futebol brasileiro diminuiu de tamanho. Quando voltaremos a ganhar um Mundial de Clubes? Talvez 20 anos, talvez nunca mais. Uma Copa? Em 10 ou 15 anos. Talvez.