Nesta semana foi divulgada a lista dos 163 finalistas do Effie Awards Brasil, etapa nacional de um dos prêmios mais importantes da propaganda mundial. Eu, como jurado, tive a oportunidade de conhecer, em primeira mão, alguns dos cases inscritos e ganhei de “brinde” a oportunidade de refletir sobre o preço que estamos dispostos a pagar para chegar aonde queremos.
Todos os trabalhos apresentados foram avaliados por seu embasamento estratégico, criatividade, nível de execução e, é claro, tamanho dos resultados gerados. A cada case analisado, eu lembrava de clientes ou prospects que gostariam de ter entregas como aquelas em seu portfólio.
Em mais de 20 anos atuando como comercial em agências digitais, de branding e/ou propaganda, posso dizer que o mais comum é que o cliente chegue com o case de uma grande marca embaixo do braço, dizendo ser aquilo que ele quer para sua. A conversa flui até que ele começa a fazer contas, dimensionar prazos, refletir sobre sua autonomia executiva e por aí vai até concluir que talvez seja melhor “não inventarmos muito”.
É neste momento que separamos “quem é de verdade e quem é de mentira”. São poucos os gestores que estão dispostos a se arriscar em grandes projetos. A maioria quer apenas o sucesso que viu em case alheio, sem o ônus dos erros, aprendizagens e, é claro, o custo deste processo.
Porque é fácil olhar para o outro e determinar que aquele cargo, prêmio, sucesso é meu objetivo. O difícil é analisar como aquele cenário foi construído e estar disposto a percorrer a mesma estrada.
Saindo do mundo da propaganda, dia destes vi um documentário sobre finanças pessoais no Netflix (A Arte de Economizar). Eram cinco ou seis pessoas, acompanhadas durante um ano por coachs que os ajudavam a atingir objetivos como sair das dívidas, se aposentar aos 45 anos (não sei por que, mas foi o que mais me chamou atenção), trocar de carreira, aprender a investir.
Sabe o que todos tinham em comum? Todos queriam atingir a felicidade que haviam visto em outras pessoas.
A gastadora compulsiva afirmava que se endividou por querer acompanhar as amigas nas compras, mas queria ter uma vida financeira tranquila como a de seus pais. O atleta profissional, que gastou praticamente todo o dinheiro ganho em seu primeiro contrato, queria se vestir como Jay-Z e investir como Warren Buffet. E por aí vai.
Pode ter sido a edição do reality show, mas o difícil da jornada parece mesmo ter sido aprender o custo dos sonhos. Trabalhar mais horas, evitar compras por impulso, vender a própria casa, são alguns exemplos de como transformar nossa realidade exige sacrifícios e investimentos que não ficam à vista de quem olha de fora.
O que eu concluí com tudo isso? Praticamente nada. Mas, há cerca de três semanas, todas as situações que eu analiso tem como base essa dicotomia: objetivo versus preço a pagar para atingi-lo.
Às vezes eu banco. Em outras, prefiro deixar que a vida me prove que eu estava errado em escolher a inação.