Os dados das profissões mais comuns entre os candidatos no Brasil e no Rio Grande do Sul revelam uma realidade preocupante para nós, profissionais da administração. Em ambos os cenários, a presença de administradores é visivelmente baixa. No RS, apenas 1,92% dos candidatos são profissionais da administração, ocupando a décima posição no ranking de atividades mais frequentes. No Brasil, o número é ainda menor, com 1,80%.
Essa escassez de profissionais da administração nas esferas decisórias municipais e estaduais levanta um questionamento importante: por que escolhemos tão poucos para administrar nossas cidades?
A administração é uma ciência voltada para a gestão eficiente de recursos, processos e pessoas. Em um país com desafios tão complexos quanto o Brasil, a presença de profissionais qualificados nessa área deveria ser uma prioridade. Quem melhor para planejar, organizar e dirigir nossos recursos do que aqueles que passaram anos se especializando nessas competências?
Infelizmente, o cenário político brasileiro continua privilegiando outras profissões, como agricultores, empresários e servidores públicos municipais, que dominam o ranking de candidaturas. Não se trata de desvalorizar essas ocupações, todas essenciais à sociedade. Contudo, a administração pública exige um conhecimento técnico e uma visão estratégica, que são inerentes à formação dos profissionais da administração.
Além disso, esse cenário reflete outro problema: a desunião da categoria. Sofremos com o desinteresse pela nossa profissão, o que acaba enfraquecendo nossa representatividade e capacidade de mobilização. Se tivéssemos mais profissionais da administração ocupando cargos políticos, teríamos não apenas uma gestão pública mais eficiente, mas também mais força na defesa dos interesses da nossa classe.
A falta de administradores nas posições de liderança política está diretamente ligada à desvalorização da profissão. Muitos ainda não compreendem a amplitude e a importância do papel de um administrador para o desenvolvimento sustentável e eficiente de nossas cidades. É urgente que mudemos essa percepção e incentivemos mais profissionais a se engajarem na política.
Com mais administradores em cargos políticos, teríamos um impacto significativo nas decisões que afetam não apenas a administração pública, mas também o fortalecimento e a valorização da nossa categoria. A má gestão de recursos, a falta de planejamento e a ineficiência administrativa, tão presentes em diversas esferas de governo, poderiam ser combatidas com a presença de profissionais capacitados para enfrentar esses desafios de forma técnica e estruturada.
O Brasil tem a oportunidade de repensar como administra suas cidades, estados e o próprio país. Para isso, precisamos de mais profissionais da administração na política, ocupando cargos onde suas habilidades possam fazer a diferença. É necessário valorizar o conhecimento técnico em gestão e dar a esses profissionais o espaço que merecem e que o Brasil tanto necessita.
Está na hora de mudarmos essa realidade e darmos o protagonismo que nossa profissão merece, tanto na condução do futuro do país quanto na defesa da nossa própria classe. Pense nisso!
Foto da Capa: Freepik
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