As últimas escolhas ao ministério de 37 vagas do Governo Lula serão conhecidas no decorrer desta semana com o anúncio das últimas 16 vagas. São articulações que requerem maior fineza nas articulações com um volume grande de velhos e novos partidos aliados. Na viagem de Lula para passar o Natal em São Paulo, ele deu carona a senadora Simone Tebet e não a convenceu a aceitar o Ministério do Meio Ambiente. A senadora ponderou não querer rivalizar com a outra importante adesão à campanha de Lula no segundo turno, a de Marina Silva, que acabou confirmada na vaga. Ela rejeitou também ser a nova figura da Autoridade Climática. Percebeu que, apesar do status, a posição devia ser secundária ao do seu Ministério preferido.
Nas últimas conversas, intercalando Tebet e Marina, Lula deparou-se com uma jogadora de pôquer. E das boas. Marina deixou claro que gostaria de ocupar o ministério ao passo em que Tebet reiterava que não rivalizaria com a deputada recém-eleita pela Rede. O presidente eleito, então, ficou sem saída e, resignado, indicou a aliados a escolha por Marina no Ministério do Meio Ambiente. A decisão do futuro da senadora pelo Mato Grosso do Sul ficou incerta. Lula citou os ministérios do Turismo e o das Cidades, com verbas para investimentos e projetos. E ela rejeitou um aceno para o Ministério do Planejamento, por confessar não ser atualizada no programa econômico do PT. Então, o Ministério das Cidades, que fora acenado ao MDB, passou a ser cogitado para Simone Tebet, dando-lhe uma pasta mais robusta. Novas conversas precisam ser feitas.
A deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), que deve assumir o Ministério do Meio Ambiente na gestão Lula, quer que a “Autoridade Climática”, órgão que o presidente eleito prometeu criar, fique debaixo da estrutura do MMA. Dessa forma, a gestão dos temas ligados ao clima seria centralizada na pasta. Essa é a estrutura organizacional que a ex-ministra defendeu desde que se engajou na campanha pela eleição do petista. Hoje o Ministério do Meio Ambiente já tem, em sua estrutura, uma Secretaria de Clima e Relações Internacionais.
O relatório técnico que o grupo ambiental da transição concluiu traz uma composição diferente, com a criação de uma autoridade climática dentro do MMA, funcionando como uma autarquia vinculada ao ministério. Essa estrutura, apesar de ter a aprovação da maioria dos membros que compuseram o grupo, não foi a única. A ex-ministra do Ministério na gestão Dilma Rousseff, Izabella Teixeira, chegou a ser cogitada para o cargo como mais um nome do PT. Ela, contudo, não tem interesse em disputar o comando do MMA.
A ex-ministra sinalizou que poderia compor o governo, caso a autoridade climática ficasse fora da pasta, o que não vai ocorrer. Em toda a transição, além do nome de Marina Silva, chegaram a ser cotados para o comando da pasta Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Simone Tebet (MDB-MS) e Jorge Viana (PT), ex-governador do Acre. Tebet também rejeitou a ideia. Randolfe e Viana não comentam o assunto. Dentro dos órgãos federais de meio ambiente e entre as associações socioambientais, prevalece a preferência por Marina Silva.
Frente Ampla
O centrão e outros partidos como PSD, MDB e União Brasil ainda não estão contemplados, mas têm vagas reservadas para seus representantes. Artur Lira chegou a ensaiar um pedido pelo Ministério da Saúde, mas Lula considerou um exagero. Os 16 nomes escolhidos oficialmente por Lula na véspera do Natal somam-se aos cinco já anunciados e somam 21. Ainda restam 16, caso se confirmem as 37 pastas. Ainda restam pastas que devem alocar nomes dos partidos do centro ou do centrão, como Cidades, Planejamento, Turismo, Minas e Energia e Integração Nacional.
Quem são os ministros já indicados
Alexandre Padilha, Secretaria das Relações Institucionais: Médico e deputado federal, ele assumiu a mesma pasta da Secretaria de Relações Institucionais no segundo governo de Lula, entre 2009 e 2010.
Anielle Franco, Ministério da Igualdade Racial: Graduada em jornalismo pela Universidade da Carolina da Norte, é professora, ativista e diretora do Instituto Marielle Franco.
Camilo Santana, Ministério da Educação: Senador e duas vezes governador do Ceará.
Cida Gonçalves, Ministério da Mulher: Especialista em violência de gênero, foi secretária nacional de enfrentamento à
violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma.
Esther Dweck, Ministério da Gestão: Economista e professora da UFRJ, trabalhou no ministério do Planejamento.
Fernando Haddad, Ministério da Fazenda: É professor e advogado, foi prefeito da capital paulistana entre 2013 e 2017 e ministro da Educação entre 2005 e 2011.
Flávio Dino, Ministério da Justiça e da Segurança: Advogado formado pela Universidade Federal do Maranhão, foi eleito deputado federal pelo Maranhão (2007 a 2011), após fazer carreira na magistratura. Em 2014, foi eleito governador pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil). É senador eleito.
Geraldo Alckmin, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio: Vice-presidente eleito, foi governador de São Paulo quatro vezes, deputado federal e prefeito.
Jorge Messias, Advocacia-Geral da União: É Procurador da Fazenda Nacional.
José Múcio Monteiro, Ministério da Defesa: Foi presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), ministro de Relações Institucionais do segundo governo Lula e deputado federal por Pernambuco.
Luiz Marinho, Ministério do Trabalho: Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi prefeito de São Bernardo do Campo e ministro da Previdência e do Trabalho.
Luciana Santos, Ministério da Ciência e Tecnologia: Deputada Federal entre 2010 e 2018, é governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB
Márcio Macedo, Secretaria-Geral: Biólogo, deputado federal e vice-presidente do PT.
Marcio França, Ministério dos Portos e Aeroportos: Advogado, foi vereador, duas vezes prefeito de São Vicente, deputado federal e governador de São Paulo.
Margareth Menezes, Ministério da Cultura: Cantora, compositora e atriz.
Mauro Vieira, Ministério das Relações Exteriores: Chefiou o Ministério das Relações Exteriores entre 2015 e 2016, no segundo mandato de Dilma Rousseff. O diplomata serviu nos três mais importantes postos da carreira, as embaixadas de Washington e de Buenos Aires e na ONU, em Nova York.
Nísia Trindade, Ministério da Saúde: Socióloga, professora, servidora da Fiocruz desde 1987 e presidente da Fiocruz desde 2017
Rui Costa, Ministério da Casa Civil: Economista e político, o petista é o atual governador da Bahia e foi deputado federal pelo estado.
Silvio Almeida, Ministro dos Direitos Humanos: Advogado e escritor, bacharel em Direito pelo Mackenzie e Doutor pela Universidade de São Paulo.
Vinicius Carvalho, Controladoria-Geral da União: Advogado e ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Wellington Dias, Ministério do Desenvolvimento Social: Foi vereador, deputado estadual, federal, duas vezes senador e quatro vezes governador do Piauí