A resposta para esta pergunta parece óbvia: “Eu, é claro!”. Alguém dirá: “É uma ilusão pensar que temos controle da vida, afinal, a vida é cheia de surpresas e imprevistos”. Se fizermos esta pergunta para diferentes pessoas, obteremos respostas variadas: uma criança, provavelmente dirá: “Meus pais é que controlam a minha vida, são eles que dizem o que eu posso ou não fazer”. Um idoso dirá: “Meus filhos são quem controlam a minha vida, pois são eles que me dão os medicamentos, que me levam no médico, me levam para passear e que estabelecem o que eu posso ou não comer”.
Num relacionamento tóxico alguém poderá dizer que se sente “controlado” pelo outro. Quem é religioso, dirá que a sua vida é controlada por Deus. Enfim, a questão do controle ficou mais complexa do que parecia no início. Pesquisei sobre este tema e encontrei uma infinidade de livros e vídeos com enfoque religioso ou na perspectiva da psicologia e da filosofia. Eu mesmo já escrevi a letra da música “Take your life in your hands” (link no fim do texto), falando em tomarmos o controle da nossa vida em nossas mãos. Quero retomar este tema refletindo sobre o que podemos controlar e quem controla nossas vidas.
Pensei na figura do controle remoto da TV, aquele aparelhinho que permite, sem sair do sofá, alterar o volume, o idioma de quem está falando, adiantar ou retroceder na história e, se não gostarmos do que estamos vendo, basta trocar o canal. Com o controle remoto na mão temos a sensação de que comandamos a programação da TV, da mesma forma, ao acordamos pela manhã, temos a sensação de que teremos controle sobre tudo o que irá acontecer com a nossa vida naquele dia.
Porém, ao olhar pela janela percebemos que está chovendo e isto já altera alguns dos nossos planos, teremos que usar a roupa adequada para um dia de chuva. Ao atravessar a rua, passa um carro e nos dá um banho de água e a gente fica indignado e esbraveja: “Por que estas coisas só acontecem comigo?” Temos uma tendência à vitimização, há quem reclame de ter nascido pobre, da genética que herdou, da dor que está sofrendo e coloca sempre a culpa nos outros.
Aliás, você também deve conhecer pessoas insatisfeitas que estão sempre reclamando de alguma coisa. Isto lembra aquela propaganda do Tostines: será que reclama por que a sua vida é ruim ou a vida é ruim por que vive reclamando? Na verdade, diante de situações incômodas, temos três opções: aceitamos, fazemos algo para mudar ou reclamamos, que é a alternativa menos eficaz.
Entre as medidas propostas nos livros para uma pessoa assumir o controle da sua vida, eu me identifico com as que sugerem o autoconhecimento e a auto responsabilização. Acredito que tudo o que a gente pensa, fala e faz, é capaz de criar uma espécie de realidade que nos rodeia. Veja o exemplo dos antigos navegadores que ao produzirem os mapas do Oceano Atlântico, desenhavam monstros terríveis que supostamente iriam atacar quem por ali passasse.
Quando tiveram coragem e condições de cruzar o Atlântico, descobriram que os monstros eram fruto do medo que tinham de enfrentar o desconhecido. Nós também praticamos a autossabotagem, criamos os nossos monstros e nos convencemos de que algo é muito difícil de acontecer ou de ser superado. Se o problema está no mundo, não temos o que fazer. Porém, se aceitamos que o problema está em nós, então temos a solução. Isto nos torna poderosos!
Tenho a sensação de que, em muitos casos, temos nas mãos o controle remoto das nossas vidas, mas que preferimos não o utilizar e assistimos a programação que nos é apresentada, esperamos que o próximo programa será melhor do que o atual e não nos arriscamos a trocar de canal. Em outros momentos, ficamos “zapeando” todo o tempo, passando por vários canais sem dar tempo para explorar a programação de cada canal. Exercitando o autoconhecimento e a autorresponsabilidade, conseguiremos ter o controle possível, que é sobre os nossos sentimentos e nossas reações diante das adversidades.
Conversando sobre quem tem o controle remoto das nossas vidas, uma amiga me disse: “Peça a Deus para te mostrar qual a melhor decisão e você vai ficar em paz com o que acontecer”. Eu acredito em Deus e rezo muito, mas a minha fé não chega ao ponto de entregar minhas decisões para ele tomar por mim. Ou talvez, eu imagino que estou tomando as decisões e na verdade seja Deus que está com o controle remoto da minha vida nas suas mãos. Não importa quem esteja no controle, sou muito grato pela programação que a vida tem me oferecido.
Dica: Assista o clipe de Take your life in your hands no Youtube