Quem de nós nunca se perguntou sobre a origem do amor e da necessidade de amar. O amor é uma força que todos conhecemos, mas também algo que parece ter origem desconhecida. “Quem inventou o amor?” “Me explica, por favor!” A música Antes das Seis, da banda Legião Urbana, faz essa indagação quase como uma provocação, como se fosse possível encontrar uma explicação racional para algo tão irracional, tão emocional.
Será possível dizer que o amor tenha sido inventado por alguém? Eu penso que o amor nada mais é que uma descoberta ao longo dos tempos, uma resposta da humanidade à necessidade de se conectar, de compartilhar afetos, de construir vínculos. A partir dessa necessidade, ele evoluiu, se transformou, se fez necessário em nossa busca por pertencimento, aceitação e compreensão. A busca por uma explicação lógica para o amor, no entanto, sempre será uma jornada sem fim, cheia de nuances e contraditórias, porque o amor está além da razão.
Essa reflexão sobre o amor e tudo o que ele representa surgiu em minha mente ao ler Como se o brinco fosse um mamilo, de Lélia Almeida. Lançado pela Editora Casa Verde de Porto Alegre em 2024, o livro explora o amor de maneira breve, não em sua amplitude, mas em sua estrutura. Por meio de textos curtos e impactantes, a obra de Lélia Almeida é uma verdadeira celebração desse sentimento complexo e tão difícil de explicar.
Dividido em duas partes, sendo a primeira com o título homônimo à obra e a segunda intitulada O livro dos sonhos, a prosa poética de Lélia Almeida narra encontros amorosos, tanto virtuais quanto presenciais, trocas de mensagens, reencontros e despedidas. Com uma escrita sensível, a autora nos conduz a revisitar o amor em suas formas mais puras e, por vezes, mais dolorosas. Através de seus relatos, entendemos que o amor não pode ser reduzido a uma explicação simples ou a uma fórmula pronta; ele se revela, na verdade, como uma experiência que se desdobra de inúmeras maneiras ao longo da vida.
Ao concluir minha leitura, fico com a sensação de que o amor, assim como as palavras que o tentam descrever, está sempre em movimento, sempre se transformando. É exatamente essa busca, essa constante tentativa de entender o que nos torna humanos e de nos conectar com o outro, que faz da literatura um espaço tão poderoso de reflexão. E em Como se o brinco fosse um mamilo, Lélia Almeida nos presenteia com uma obra que, mais do que responder às nossas dúvidas, nos convida a viver e a sentir o amor em sua forma mais livre e genuína.
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Foto da Capa: Gerada por IA