Entra verão, sai verão e, entre um mergulho e outro no mar de contextos, enredos e desafios, vamos levando a vida. Ora nadando contra a maré, ora boiando, mas sempre procurando manter o corpo e a mente alertas. Para enfrentar correntes, alterações de temperatura e os tantos seres que vivem nesse ambiente, precisamos ter uma resiliência que nem sempre nos damos conta que temos. Ou que o nosso desafio maior é essa busca.
Somos movidas por nossas crenças, nossos medos e por tantas coisas que não temos ideia. Para quem prefere ou não tem consciência do que significa acreditar naquilo que está cristalizado dentro de si, talvez seja mais fácil de ser iludido por fake news ou por opiniões pouco fundamentadas. É cruel constatar o quanto tem gente que encara como verdade declarações absurdas, que convencem facilmente quem não acompanha de perto os fatos e suas consequências. Nas redes sociais, é comum ver gente que sabe se comunicar, porém usa argumentos ou mensagens que dão uma dor no coração. Isso é só um desabafo. Porque chega a mim cada uma…
Mas como não quero e não vou enveredar para esse lado do que é verdade ou não – cada um consegue enxergar, interpretar os cenários de acordo com a sua experiência, bagagem etc. – vou abordar na coluna de hoje algumas vivências que tive no último final de semana de janeiro. E como são importantes as distintas formas de mergulharmos em jornadas para enxergamos aspectos que precisamos melhorar.
Estive em um retiro de Yoga, em um ashram em Terra de Areia, junto com outras 20 mulheres. A maior parte de Caxias do Sul, de onde vieram as promotoras do encontro. Entre elas estava minha amiga Vera Damian, editora/publisher do Bem Estar. E como é revigorante estar entre pessoas que estão nessa busca. A jornada, que começou no final de tarde de sexta, foi dividida em uma programação que envolveu diferentes tipos de Yoga, caminhadas em meio a natureza, rituais de transformação, dança, momentos de introspecção, entre outras coisas.
Amei conhecer mais sobre a Yoga do Riso. A aula, comandada pela Cleusa Batista, deixou a mulherada leve, dona de si. E a Yoga Hormonal, capitaneada pela Lis, permeada de muitas bástricas (respirações rápidas e profundas) me mostrou o quanto preciso voltar já a fazer exercícios de respiração, ativar áreas do corpo que andam meio preguiçosas.
Foi um bálsamo para esse momento da minha vida, véspera do meu aniversário. Saí de lá menos tensa, revigorada, ainda mais depois de um banho de cachoeira no domingo, que selou a programação. Nessa correria da vida que nós mesmas nos impomos, muitas vezes, como é essencial parar e observar o que nos envolve. Nesse verão, li alguns livros que me fizeram aprofundar mais minha compreensão do quanto nosso sofrimento é enraizado frequentemente em uma cultura machista, patriarcal, cheia de ciladas para que o feminino ficasse a uma posição inferior ao masculino.
Durante o encontro, seguido vinha a minha cabeça o quanto outras mulheres, amigas, conhecidas, deveriam estar ali para vivenciar aquela experiência. Conheço algumas que, assim como eu, são sensíveis, sacam contextos e que sofrem pelas injustiças, desgraças desse mundo. Uma delas é a Lila, a Marília Rizzon, autora do livro Reviravolta no Céu – Uma Revisão Feminista da Astrologia. A publicação que ela escreveu, com base em extensa pesquisa, precisa ser lida e compreendida por todas que querem saber sobre o quanto a História, a Ciência, a Astrologia, entre outras áreas, têm um enredo de apagamento da trajetória de mulheres. Vale conferir o artigo que escrevi aqui no Sler sobre o livro da Christa Berger, que trata da jornalista Jurema Finamour.
À medida que vamos estudando, ficamos sabendo mais como as coisas funcionam, vem muitos desapontamentos à tona. Para mim que acompanho a pauta socioambiental há anos, é muito duro constatar o quanto regredimos em tantos quesitos nos últimos anos. Especialmente no Brasil, no Rio Grande do Sul e em Porto Alegre. Só que, apesar disso, precisamos buscar a alegria, viver o momento presente, apesar das desgraças que nos cercam.
Confesso que olhando em volta, sou privilegiadíssima. E é bem provável que você que me lê, agora, também seja. Até por isso que acredito que devemos nos envolver em algumas frentes para tentar melhorar o contexto de gente e de contextos ambientais que têm causado sofrimento a tanta gente.
Mais Árvores para enfrentar o calor
Para encerrar, porque também preciso celebrar (algo que procuro fazer quando me permito), devido ao artigo da semana passada: As árvores não têm culpa, fui acionada pela equipe do Jornal do Almoço para dar entrevista. Clique aqui para ver como ficou. Aproveita, inscreva-se no meu canal no YouTube. Pois, se tudo correr bem, teremos novidades este ano nesse espaço. Grande parte das entrevistas que faço estão no meu Instagram @silmarcuzzo, porém lá, não são tão fáceis de achar, especialmente aquelas que faz tempo que fiz. Aliás, fiz algumas entrevistas sobre o projeto POA sem Lixo e sobre o Cluster ECOAR, que valem a pena ser conferidas. Corre lá!
Fotos: Acervo da Autora