A primeira semana mostrou que esta é a Copa da imposição física. O fato de estar sendo disputada no calor do Oriente Médio é apenas um ingrediente que exige das equipes melhor condicionamento físico. Mas não é só isso: também as zebras são explicadas por seleções que conseguiram se impor fisicamente diante de adversários mais qualificados. A Arábia Saudita surpreendeu a Argentina, na primeira rodada do grupo, com esta virtude. Ganhou o que chamamos de “segunda bola”, foi mais firme nos embates, e virou o jogo para 2 x 1.
Quem se acomodou em campo, perdeu ou sofreu empate.
A Alemanha saiu na frente contra o Japão. E se contentou com a vantagem. Tomou a virada. E ontem, soube reverter uma derrota que parecia definida diante da Espanha. O time espanhol foi bem superior em campo. Mas se acomodou com o 1 x 0 em vez de buscar o segundo gol. O empate foi justo à determinação alemã, que ainda está viva no torneio, embora agora também dependa de resultados paralelos.
Em oito dias já podemos dizer que o Brasil tem o time mais equilibrado e é o favorito ao título o que, em termos de Copa do Mundo, pouco significa. Torneios tão rápidos são próprios de surpresas, e de times que encaixam e crescem durante a disputa. O trabalho de Tite amadureceu e a seleção brasileira reúne técnica e força física. Não vejo adversários que tenham tantos jogadores numa fase tão boa nestes dois quesitos. O jogo desta segunda-feira, contra a Suíça, deverá ser mais difícil que a estreia. Sem Neymar, Tite deverá optar por Fred, liberando Paquetá para atuar mais à frente.
Se pudesse dar um conselho ao pé do ouvido de Tite eu diria: “professor, trabalhe a bola aérea defensiva”. Vejo a defesa brasileira ainda vulnerável neste ponto e o ótimo goleiro Alisson não é lá de sair muito do gol para definir os lances.
Duas seleções com muita força e uma terceira que corre por fora merecem destaque e são adversárias do Brasil. A Espanha tem velocidade, bom toque de bola, e um conjunto interessante que ataca em bloco. Não tem um grupo de jogadores tão qualificado quanto o Brasil. A França impressiona. A atual campeã mundial não tem o meia Griezmann em seu melhor momento. Mas o ataque é muito forte. Liderado por Mbappé, o time do técnico Didier Deschamps é candidatíssimo a chegar entre os finalistas. E, sem as mesmas credenciais, há ainda a Inglaterra, com uma seleção qualificada, embora com uma defesa instável.
A Copa é da imposição física. E Tite também armou um time com este atributo. Mas a técnica não deve ser menosprezada. O Brasil está um degrau acima dos rivais. Depois, estão França e Espanha e mais atrás a Inglaterra. A Argentina é desorganizada, Messi não é mais o mesmo, e acho que fica pelo meio do caminho. A Alemanha é o time da superação. Mas tem limitações técnicas escancaradas e não vejo que possa ir longe. Holanda, Uruguai, Portugal e Bélgica são razoáveis figurantes.